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Fala do presidente do BC sobre Lula joga água no chope de Jair Bolsonaro
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O chamado "mercado", esse ente desalmado que desfila seu nervosismo pela conjuntura nacional, já não se espanta com a possibilidade de um terceiro mandato de Lula. Foi isso o que declarou, com outras palavras, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista à GloboNews. Segundo ele, os preços fixados pela turma do papelório já excluem "o risco da passagem de um governo para outro". Por quê? O alegado receio de uma guinada à esquerda desaparece à medida que Lula se move para uma região que Campos Neto chamou de "centro".
Com suas declarações, o presidente do BC joga água no chope que Bolsonaro reservou para servir ao eleitorado. A tática de campanha de Bolsonaro passa por um processo de infantilização. Como nas velhas cantigas de ninar entoadas para fazer criancinha dormir incutindo-lhe o terror, Bolsonaro instila no eleitor o medo de que uma assombração de "esquerda" ressurja para pegar os brasileiros que têm medo de careta. A passagem de Lula pelo poder teve muitas marcas, algumas bastante deletérias. O esquerdismo não foi uma dessas marcas.
O problema de Bolsonaro, insinuado nas pesquisas —e agora também nas planilhas do "mercado"—, é que o antipetismo de 2018 foi atenuado pelo antibolsonarismo de 2022. O pessoal do papelório, já bem crescidinho, observa o liberalismo de Paulo Guedes fazendo água, vê um pedaço da classe média desembarcando de Bolsonaro e percebe que não faz sentido tomar susto com um boi da cara preta que oferece ao ex-tucano Geraldo Alckmin a posição de vice. No fundo, o "mercado" quer crédito subsidiado e desconto nos impostos. São mercadorias que Lula ofereceu quando passou pela Presidência.
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