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Saída de Doria afunda PSDB sem erguer 3ª via
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Agora que João Doria renunciou ao projeto presidencial, uma nova pergunta deve se tornar um complemento rotineiro aos comentários sobre o futuro da chamada terceira via: será que a candidatura de Simone Tebet ao Planalto vai até o fim? A plateia assiste a um espetáculo curioso: a exemplo de Doria, que não dispunha do apoio da cúpula do PSDB, Simone também não é endossada pelos caciques do MDB, divididos entre a adesão a Lula no Nordeste e o flerte com Bolsonaro no Sul e no Centro-Oeste.
Doria saiu de cena sem chutar o balde, como havia ameaçado. Mas não declarou apoio a Simone Tebet. Mencionou o que classifica de feitos de sua gestão em São Paulo —a vacina e o crescimento econômico na casa dos 5%, por exemplo. Pediu desculpas pelos erros sem especificá-los. E lamentou não ter virado a "escolha da cúpula do PSDB" apesar de ter prevalecido nas prévias do partido. Foi como se o agora ex-candidato dissesse para os seus desafetos no ninho: "Vocês não terão mais o Doria para chutar. Estão livres para apresentarem algo melhor".
A saída de Doria termina de afundar o PSDB sem erguer a terceira via. O partido continua sob a ameaça de perder o governo de São Paulo. E a divisão do tucanato no cenário nacional não se dissolveu. Agora, em vez de três grupos, o PSDB está rachado em dois.
A ala do notório Aécio Neves, depois de torpedear Doria, passou a defender o respeito às prévias, com o lançamento da candidatura presidencial do segundo colocado, o ex-governador tucano do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O grupo liderado pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, encaminhará à Executiva do partido a proposta de adesão a Simone Tebet, com a indicação do vice.
Marcada inicialmente para esta terça-feira, a reunião da Executiva tucana foi adiada para quinta-feira da semana que vem (02/06). Deve-se a protelação a uma vã tentativa de camuflar a nova briga interna do tucanato.
Ainda que as cúpulas do PSDB e MDB se unam, é improvável que os cerca de 3% de intenção de votos atribuídos pelas pesquisas a João Doria caiam automaticamente no cesto de Simone Tebet, hoje com apenas 1% nas sondagens eleitorais. Os poucos eleitores de Doria devem se espalhar entre os candidatos anti-Bolsonaro, pulverizando o que já representa bem pouco.
Com Doria fora do páreo, os principais desafios de Simone Tebet são: manter o chão sob os pés e adquirir densidade eleitoral. Se a senadora continuar trafegando dentro da margem de erro das pesquisas, a pergunta incômoda continuará piscando no letreiro da sucessão: será que a candidata vai até o fim?
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