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Bolsonaro agora tem pressa! Deseja pagar os mimos sociais ainda em julho
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Bolsonaro demorou a perceber que há carestia, miséria e fome no Brasil. Medida pelo Datafolha, a leniência lhe custou uma taxa de rejeição de 54% do eleitorado. Agora que seus operadores políticos inventaram uma serventia eleitoral para o estado de emergência, o presidente tem pressa. Sua prioridade zero é começar a pagar ainda em julho os mimos sociais criados para levá-lo ao segundo turno. Bolsonaro cobra de sua base legislativa na Câmara a aprovação nesta semana da PEC da reeleição, já aprovada no Senado.
O Planalto pediu a Arthur Lira, chefe da Câmara, que corte as asas do deputado Danilo Forte. Relator da PEC, o parlamentar sugere excluir o estado de emergência e incluir um mimo extra. A proposta já autoriza o governo a elevar o Auxílio Emergencial, dobrar o vale-gás e ajudar caminhoneiros e taxistas a encher o tanque. O relator quer criar o Vale-Uber.
O estado de emergência é vital para livrar Bolsonaro de punição por abrir os cofres às vésperas da eleição, algo que a lei eleitoral proíbe. O benefício aos motoristas de aplicativos obrigaria o retorno da proposta ao Senado. Isso empurraria o pagamento dos benefícios para agosto. Quanto maior for a demora, menor será o efeito eleitoral. Bolsonaro falou pelos lábios do seu líder na Câmara, Ricardo Barros: aprovação já, sem modificações, para que os benefícios comecem a ser pagos imediatamente. (Pressionado, o relator Danilo Forte desistiu de modificar a emenda que veio do Senado)
Ao retardar as providências para atenuar o drama social dos brasileiros, Bolsonaro revelou-se um presidente intelectualmente lento. Ao fabricar uma emergência em cima do joelho para comprar votos com o déficit público, Bolsonaro mostrou-se eticamente ligeiro. As duas velocidades são insultuosas.
A lentidão intelectual ofende a paciência alheia. A ligeireza moral tritura as leis e converte a Constituição brasileira numa cerca inútil. Quando o texto constitucional parecia forte, os transgressores passavam por baixo. Hoje, tornou-se tão frágil que Bolsonaro passa por cima —com apoio suprapartidário.
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