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Senado adota moral da conveniência: rasgar lei por Bolsonaro pode; CPI,não!
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Rodrigo Pacheco, o chefe do Senado, declarou que a CPI do MEC é muito importante. Por isso, decidiu ler o pedido de CPI no plenário. Mas Pacheco avaliou junto com os líderes partidários que seria "inconveniente" instalar a CPI agora porque haveria uma "contaminação das investigações pelo processo eleitoral". Ficou combinado que a apuração só começa depois da eleição, se ainda houver interesse. Natural. Dar visibilidade a depoimentos de pastores larápios e prefeitos achacados seria inconveniente porque contaminaria um noticiário que precisa se concentrar na elevação do Auxílio Emergencial, no vale-gás duplicado, no socorro a caminhoneiros e taxistas.
Os mandachuvas do Senado concluíram que outra CPI agora seria inconveniente porque atrapalharia o projeto de reeleição de Bolsonaro. Os senadores encontraram a coerência no absurdo. Por que prejudicariam o presidente depois de rasgar a legislação eleitoral e fiscal, depois de aviltar a Constituição para autorizar Bolsonaro a distribuir mais de R$ 40 bilhões a eleitores pobres na boca da urna? Que diabo, a incongruência tem limites!
O provável recurso da oposição ao Supremo Tribunal Federal, para forçar os partidos a indicarem seus representantes na CPI, é inconveniente para Bolsonaro porque tumultua a campanha à reeleição, sonegando ao Planalto aquela quase unanimidade que se formou no Senado na semana passada. Uma comunhão que levou até os senadores petistas a aprovarem a PEC da reeleição, que promoveu o suicídio coletivo das leis, para que Bolsonaro sobreviva na corrida presidencial.
No momento, qualquer investigação seria inconveniente para um presidente que foi empurrado para o epicentro do escândalo do MEC por um par de gravações. Se fosse verdadeira a tese segundo a qual não existe corrupção no governo, vá lá. O diabo é que as evidências do tráfico de verbas da Educação só aumentam a inconveniência. Bolsonaro passaria o resto da campanha tendo que se explicar. Não, não. É muito tumulto.
O certo e o errado foram substituídos pelo que convém e o que não convém ao comitê da reeleição. A Câmara está na bica de avalizar os mimos sociais do capitão, aprovados na semana passada pelos senadores. Eles arruinarão as contas nacionais e acudirão os eleitores pobres por apenas cinco meses. Mas convém não criticar. Vigora um novo tipo de moral no Legislativo: a moral da conveniência. Aviltar a Constituição convém. Investigar corrupção, não.
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