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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dúvida nacional: O ministro da Defesa é capaz de tudo ou incapaz de todo?

Ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira - Reprodução/Youtube/Exército
Ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira Imagem: Reprodução/Youtube/Exército

Colunista do UOL

08/08/2022 18h50

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As Forças Armadas brasileiras enfrentam um incômodo processo de mutação. Já não são o que imaginavam ser. E ainda não sabem o que serão depois da conclusão do processo de fiscalização das urnas eletrônicas. Bolsonaro meteu as fardas num pesadelo do qual elas terão dificuldade para acordar.

O grupo selecionado pelo Ministério da Defesa para fiscalizar o processo eleitoral revelou-se uma espécie de cavalo de Troia em cuja barriga as Forças Armadas transportaram para dentro do Tribunal Superior Eleitoral um presente de grego: o coronel do Exército Ricardo Sant'Anna. Trata-se de um fiscal paradoxal.

Antes mesmo do início da inspeção militar, o coronel Sant'Anna despejou nas redes sociais postagens nas quais avacalha as urnas eletrônicas que operam há 26 anos sem evidências de fraude. Em ofício endereçado ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, o TSE devolveu aos militares o cavalo de madeira.

O documento do TSE anota o óbvio: partidos e agentes políticos têm "o direito de atuar como fiscais". Mas não se pode admitir na fiscalização um hipotético avaliador que desqualifica previamente as urnas e difunde "desinformação" a respeito do sistema eleitoral.

O Ministério da Defesa informou que a substituição do coronel Ricardo Sant'Anna já vinha sendo cogitada antes do ultimato do TSE. Levando-se essa versão a sério, o general Paulo Nogueira não fica bem. Se sabia da aversão do coronel às urnas, o chefe dos militares revela-se capaz de tudo para avacalhar o processo eleitoral. Se não sabia da predisposição do subordinado, revela-se incapaz de todo. Em nenhuma das duas hipóteses o general é o ministro da Defesa que a democracia brasileira merece.