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BC joga no ventilador o que candidatos escondem
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O Banco Central divulgou comunicado sobre a decisão de sua diretoria, tomada na noite de quarta-feira, de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano. Em meio a uma campanha presidencial que se parece com uma guerra fratricida travada num deserto de ideias, a cúpula do BC borrifou no seu documento, como quem não quer nada, um aviso.
Eis o alerta do BC: os chamados preços administrados —energia elétrica e combustíveis, por exemplo— sofrerão um solavanco em 2023. Para este ano eleitoral, graças a bruxarias tributárias, prevê-se uma deflação em torno de 4%. Como o corte de impostos é temporário, o BC estima que esses preços terão alta de 9,3% no ano que vem.
No mês passado, falando num evento promovido pelo banco BTG, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contou que a redução de impostos para derrubar os preços da conta de luz e dos combustíveis era vista em Brasília como um favor que o governo fazia ao BC, ajudando-o a conter a inflação. Campos Neto apressou-se em explicar que a troca da inflação presente por uma inflação futura era remédio com gosto de veneno.
Referindo-se à política de juros, Campos Neto disse: "É como se estivesse preparando o seu avião para descer e alguém construísse uma montanha bem na beira da pista." O BC viu-se obrigado a executar uma manobra. Parou de subir os juros. Mas manterá a taxa nas alturas até o ano que vem. Se necessário, o índice voltará a subir. Enfiados em suas trincheiras, os principais presidenciáveis fingem que a encrenca não existe.
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