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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ministro põe carta da reeleição de Lula na mesa no primeiro dia de serviço

MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

03/01/2023 18h35

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Alguma coisa subiu à cabeça do ministro Rui Costa. Em entrevista ao programa Roda Viva, na noite de segunda-feira, o novo chefe da Casa Civil declarou que Lula pode disputar um quarto mandato.

Ainda não se sabe o que levou o ministro a jogar a carta da reeleição sobre a mesa no seu primeiro dia de serviço no Palácio do Planalto. Mas suas declarações não parecem inspiradas pelo bom senso. Na política, quem não ambiciona o poder vira alvo. Entretanto, político que só ambiciona o poder erra o alvo.

Em qualquer lugar do planeta, quando um governante pode ser reeleito, ele perseguirá esse objetivo. Ao escancarar o jogo no primeiro lance, Rui Costa cava, por assim dizer, uma trincheira no quarto andar do Planalto, a poucos degraus do gabinete presidencial. No momento, a única aspiração que Lula e seus ministros precisam cultivar é a ambição de trabalhar.

Com 25 anos de atraso, FHC reconheceu que abriu caminho para a ruína ao desbravar na Constituição a vereda que lhe permitiu buscar a própria reeleição: "Devo reconhecer que historicamente foi um erro."

O ex-presidente tucano anotou na sua autocrítica tardia o seguinte: "Imaginar que os presidentes não farão o impossível para ganhar a eleição é ingenuidade". O próprio FHC recorreu ao populismo cambial para obter um segundo mandato.

Bolsonaro, às vésperas de completar 100 dias de governo, disse que "a reeleição causou uma desgraça no Brasil", porque os governantes "se endividam, fazem barbaridades, dão cambalhotas" para permanecer no Poder. Deu no que está dando.

Antes de subir a rampa do Planalto, candidatos costumam dizer que são contra a reeleição. Aconteceu com Fernando Henrique, Lula e Bolsonaro. Todos mudaram de ideia. Na campanha de 2022, Lula repetiu a dose: "Eleito, serei presidente de um mandato só".

Rui Costa esclarece que o compromisso não deve ser visto como "fato consumado." O ministro declarou no Roda Viva que, "se tudo der certo, faremos um governo exitoso. E se Lula continuar com a energia e o tesão de 20 anos, quem sabe ele faça um novo mandato."

Com tantos erros novos à disposição, é curiosa a mania dos políticos de cometer sempre as mesmas tolices.