Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mesada para novatos consolida monarquia absolutista de Lira na Câmara
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Em política, nada se cria, nada se copia, tudo se corrompe. Saiu o orçamento secreto. Entrou a mesada ministerial. Por trás dos dois procedimentos, as digitais do mesmo personagem: Arthur Lira. O governo reservou R$ 3 bilhões do orçamento dos ministérios para que Lira distribua entre os congressistas recém-eleitos.
A notícia saiu no Estadão dias atrás. Foi esmiuçada pela Folha nesta quinta-feira. Cada parlamentar novato terá liberdade para definir a aplicação de R$ 13 milhões. É um péssimo cartão de visitas. O sujeito mal chegou ao Parlamento e é apresentado ao que há de mais deletério no sistema representativo: o fisiologismo.
Desde que assumiu o terceiro mandato, Lula vem defendendo a valorização da política. Critica a criminalização dos políticos. Apresenta-se como um injustiçado que veio para restaurar o sistema.
No chão batido do Congresso, o que se vê é a adesão de Lula ao estilo Lira de fazer política. Ouve-se ao fundo o mesmo velho tilintar de verbas e cargos. Diz-se que não há outro jeito. Será mesmo que não seria possível levar ao balcão alguma luminosidade e meio quilo de interesse público?
Em campanha, Lula comparou Lira a um imperador. A analogia mais adequada seria a de um monarca. Há dois tipos de monarquia: as absolutas e as constitucionais. Arthur Lira, recém-coroado pela segunda vez, optou pelo primeiro modelo.
O absolutismo pareceu mais conveniente ao rei Arthur porque, nesse regime, o soberano não deve nada a ninguém. Ele paga! Sempre com verbas do Orçamento federal.
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