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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Casal Bolsonaro brilha no escândalo das joias

Colunista do UOL

06/03/2023 09h33Atualizada em 07/03/2023 12h11

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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal iniciam nesta segunda-feira investigações sobre o escândalo das joias sauditas. A nova encrenca é estrelada por Michelle e Jair Bolsonaro. Os diamantes realçaram o brilho radioativo da dupla. O caso cintila num instante em que o ex-primeiro casal se reposiciona no palco. Bolsonaro diz na Flórida que sua "missão" não está encerrada. Michelle se equipa para percorrer o país como missionária do PL Mulher. Eles acham que merecem a atenção do país. Agentes da PF e procuradores avaliam que merecem interrogatório. Ambos devem ser chamados a depor no curso do inquérito.

Do ponto de vista político, o estrago já é notável. A imagem imaculada que Michelle tenta construir tornou-se uma pose com pés de barro. Ficou ainda mais difícil ouvir Bolsonaro falar em Deus, pátria e família sem reprimir um sorriso interior. Tudo cheira mal. Presentes valiosos oferecidos por países amigos ao presidente brasileiro são registrados em formulários com muitas vias, entram no Brasil como bens da União isentos de impostos e são incorporados ao acervo da Presidência.

Os mimos milionários que a Arábia Saudita enviou para o casal Bolsonaro percorreram os atalhos da informalidade. Desembarcaram no Brasil sem registros formais, camuflados na bagagem de assessores do então ministro Bento Albuquerque. Na alfândega, tomaram a fila dos que não têm "nada a declarar" ao Fisco. Os presentes de Bolsonaro —relógio, caneta, abotoadura, anel e terço islâmico— escaparam ao controle. O pacote destinado a Michelle, com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, foi retido por fiscais da Receita.

Pilhados pelo aparelho de raio-x, intermediários e autoridades comportaram-se como moleques que brincam na lama depois do banho. Despejaram conversa mole em comunicados oficiais como se jogassem barro nas paredes. Se colasse, as joias teriam virado patrimônio privado dos Bolsonaros. Como não colou, os presentes viraram caso de polícia. Mais um. Bolsonaro e seus operadores conseguiram dar aos presentes sauditas uma aparência de suborno.