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Lealdade a Bolsonaro deixou servidores com uma marca do Zorro na bochecha
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Servidores que colocaram a lealdade a Bolsonaro acima do interesse público pavimentaram seu próprio caminho para o inferno. A proximidade com um presidente em estado crônico de criminalidade rendeu-lhes uma marca do Zorro na bochecha. Consumada a derrota do capitão, pagam com a carreira funcional pela suspeita de cumprir ordens ilegais.
Com atraso, a Polícia Federal intimará oito dezenas de militares suspeitos de contribuir, por ação ou omissão, para a intentona de 8 de janeiro. O rol de encrencados inclui o general Gustavo Dutra e o tenente-coronel Jorge Fernandes da Hora. O primeiro retardou o cumprimento de prisões em flagrante de golpistas. O segundo perdeu a hora na proteção do prédio do Planalto contra os invasores.
A novidade chega junto com o penúltimo giro do ex-chefe da Receita Federal Júlio César Gomes na grelha do inferno bolsonarista. O personagem apostou a biografia numa tentativa malsucedida de liberar para Bolsonaro as joias sauditas de R$ 16,5 milhões retidas na alfândega. Investigado pela PF e pela corregedoria do Fisco, tentou sair pela porta de incêndio da exoneração. Ao pressentir a fuga, a Receita mandou cancelar o pedido de demissão publicado no Diário Oficial desta segunda-feira.
Parceiro de Júlio César na carteirada dos diamantes, o multi-investigado coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, já havia amargado o cancelamento de sua indicação para o comando de um batalhão de operações especiais que funciona como antessala para a promoção ao generalato. O general bolsonarista Júlio César Arruda tentou salvar Cid. Foi destituído do comando do Exército.
Mais rápido no gatilho, Silvinei Vasques, o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal, enxergou na aposentadoria uma rota de fuga. É investigado por bloquear rodovias no Nordeste para impedir a chegada de eleitores de Lula às urnas, no segundo turno. O governo se equipa para cassar-lhe o benefício ao final dos processos criminal e administrativo.
A maldição do bolsonarismo foi mais implacável com o delegado federal Anderson Torres, o ex-superior hierárquico de Silvinei. Descobriu-se dias atrás que o então ministro da Justiça de Bolsonaro também imprimiu suas digitais na trama para reter ônibus que transportavam os votos de Lula no Nordeste. Mas ele já estava preso preventivamente. Encrencado também no caso dos atos golpistas, Anderson está em cana desde 14 de janeiro.
Não é novidade o aviltamento do interesse público por servidores que integram corporações de Estado nobres e estáveis como as Forças Armadas e as polícias. O que há de novo no pacto diabólico de servidores com o bolsonarismo é a percepção de que a anomalia não é invencível. Perseverando nas punições, o Estado ensinará aos seus quadros uma lição clássica da malandragem. Em certas circunstâncias, é melhor ser honesto, nem que seja por esperteza.
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