Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Big Techs e bolsonarismo combatem criminalidade digital cometendo os crimes
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Os interesses econômicos das big techs se aliaram às conveniências políticas do bolsonarismo para torpedear o chamado PL das Fake News. Essa aliança tácita já aleijou o projeto. O texto ainda impõe obrigações às plataformas de redes sociais, mas já não informa quem vigiará e imporá sanções aos violadores da lei. Tenta-se agora sepultar de vez a proposta ou apressar o velório, adiando a votação prevista para esta terça-feira.
Há uma originalidade perversa na união entre a modernidade virtual e o atraso político. As grandes plataformas são movidas por forças antagônicas. Ambicionam a eficiência moderna com os pés imersos no melado do extremismo de ultradireita e religioso. Como o aperfeiçoamento da moderação de conteúdo custa caro e a monetização do radicalismo dá lucro, os conglomerados das redes, expuseram pelo excesso os seus próprios vícios.
Agindo como napoleões digitais, os conglomerados tecnológicos e o bolsonarismo tornaram-se uma única caricatura burlesca da hipotética liberdade de expressão que dizem defender. A aliança do moderno presumido com o arcaico assumido não pode ser entendida à luz de conceitos clássicos de verdade. As big techs e seus parceiros políticos assumiram inconscientemente o desejo de se desnudar, como se combatessem a criminalidade digital cometendo os crimes.
Políticos e pastores inundaram as redes com mentiras sobre o risco de a nova lei criar um Estado totalitário, que censuraria até versículos da Bíblia. Há indícios de que o Google criou uma modalidade pós-moderna de censura: esconde posts a favor da regulação das redes, impulsionando simultaneamente seu próprio conteúdo contra a nova lei. Youtube e Twitter bloquearam um anúncio e uma campanha pró-regulação.
Na prática, as plataformas envenenam o debate público. Potencializam suas vozes e silenciam as opiniões dos outros. O problema de quem atira na direção errada é não perceber que pode virar alvo. O PL da desinformação obriga as big techs a excluir rapidamente das redes conteúdos que violam as leis em sete temas incontroversos: racismo, violência contra a mulher, terrorismo, golpe de Estado, crimes contra a infância, indução à mutilação e ao suicídio e infração sanitária. Quem se contrapõe a exigências tão elementares acaba virando parte do crime. É imperioso que o Estado prevaleça sobre os criminosos e seus cúmplices.
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