Exército e Planalto brincam de gato e rato no quintal do GSI
Exército e Planalto meteram-se num jogo esquisito. Brincam de gato e rato no quintal do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Lula colocou um pé na realidade paralela ao dizer, há quatro meses, que o general-companheiro Gonçalves Dias saiu da chefia do GSI "por conta própria". Inquérito Militar concluído dias antes e revelado agora pela Folha anota que o quebra-quebra de 8 de janeiro poderia ter sido evitado no prédio do Planalto se o GSI tivesse mobilizado a soldadesca do Batalhão da Guarda Presidencial.
No domingo da quebradeira, havia no Planalto apenas 36 soldados por volta da hora do almoço. O contingente partia do pressuposto de que nada fugiria à "normalidade". Questionado sobre a inépcia, o general Gonçalves Dias havia declarado à Polícia Federal que houve um "apagão" das forças de segurança. Alegou que "não existiam informações relevantes" sobre a intentona que desceu do QG de Brasília para a Praça dos Três Poderes.
Informações havia de sobra. A Abin diz ter encaminhado 11 alertas para o então chefe do GSI nas 48 horas que antecederam o ataque golpista. O inquérito do Exército isenta os militares de culpa, sob o argumento de que não podem ser responsabilizado aqueles que nem foram mobilizados. O Exército atribui a falta de planejamento a duas repartições do GSI: a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial e o Departamento de Segurança Presidencial.
Ironicamente, a investigação do Exército acende a luz do GSI sem dar nome aos bois. A secretaria e o departamento apontados como incompetentes respondiam ao comando do general Carlos Feitosa Rodrigues e do coronel Wanderli Baptista da Silva Junior. Ambos haviam sido nomeados na gestão bolsonarista de Augusto Heleno no GSI. Sob Lula, Gonçalves Dias preservou a dupla. No jogo de gato e rato do Planalto com o Exército, todos perdem.
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