Josias de Souza

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Procura-se para São Paulo um prefeito que cuide das árvores

O brasileiro às vezes esquece. Mas algumas das suas principais aflições são municipais. Eventos como a tempestade que desligou da tomada milhões de domicílios e estabelecimentos comerciais em São Paulo vêm para lembrar que os brasileiros vivem nas cidades. E elas não estão preparadas para proteger os seus habitantes de flagelos tão previsíveis como as eruções climáticas extremas.

A saída para evitar novos apagões envolve a transferência da fiação dos postes para o subterrâneo e uma adequada conservação das árvores. A Enel, companhia concessionária de energia, não se programou para apressar o enterro dos fios. Em relação às árvores, a prefeitura faz por pressão um trabalho que deixou de realizar por precaução. Desde sexta-feira, removeu 172 árvores que tombaram sobre a fiação e trancaram ruas. Nesta segunda, aguardava o desligamento dos postes para remover outras 125 árvores.

As questões municipais —da limpeza das ruas à conservação dos bueiros, das opções de transporte coletivo à coleta de lixo— costumam ser relegadas a segundo plano no debate político. No noticiário, os assuntos locais são esmagados pelos megatemas nacionais —as viagens do presidente, as posições do Itamaraty sobre a guerra, as votações do Congresso, a disputa entre os gastadores e defensores da meta fiscal zero...

Até sexta-feira, o debate sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo, marcada para 2024, partia de uma mesma pergunta invariável: o melhor para a cidade é um prefeito apoiado por Bolsonaro ou um administrador vinculado a Lula? O apagão que ainda mantinha um número superior a 400 mil imóveis no breu na tarde desta segunda-feira, mais de 72 horas depois do temporal de sexta, forneceu a resposta.

Nem bolsonarista nem lulista. São Paulo precisa mesmo é de de um prefeito que queira podar as árvores da cidade. A tentativa de federalizar a eleição municipal adiciona ao descaso uma dose de escárnio. Para complicar, assiste-se a um jogo coletivo de empurra. Prefeito, governador e concessionário atribuem o apagão aos ventos e a outras forças do alheio. A agência reguladora federal nem regula nem fiscaliza. Oferece diálogo e compreensão a quem merece multa.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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