Josias de Souza

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Opinião

Vocacionado para o crime, poder político volta ao patíbulo no Rio

O governador Cláudio Castro e sua linha sucessória escalam o patíbulo do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro nesta sexta-feira. Castro, o vice-governador Thiago Pampolha e o presidente da Assembleia Legislativa Rodrigo Bacellar são acusados de torrar mais de R$ 220 milhões numa folha secreta que remunerou cabos eleitorais e irrigou um caixa dois eleitoral na campanha de 2022.

Num mundo lógico, os encrencados teriam seus mandatos passados na lâmina, pois o escândalo foi esquadrinhado em reportagens do UOL e corroborado por investigações minuciosas conduzidas pelo Ministério Público. Na expressão da promotoria, a estrutura do governo foi "tomada de assalto" para azeitar a reeleição de Castro. Nesse cenário, a alternativa à cassação seria a desmoralização da Justiça Eleitoral.

O bolsonarista Castro mostra que já não há pecados originais no Rio de Janeiro, estado em que cinco governadores passaram pelo sistema prisional. Reciclam-se perversões manjadas. Em vez do orçamento secreto, a folha sigilosa. No lugar da rachadinha em conta-gotas, um rachadão milionário de saques de servidores fantasmas na boca do caixa.

Um complemento necessário da cassação é a declaração de inelegibilidade. Quando o poder político vira um outro ramo do crime organizado, eleva-se a responsabilidade do eleitor. Mas o discernimento torna-se uma qualidade embaçada quando todos os gatunos ficam pardos. Quando bichanos gordos são flagrados na tuba, cabe à Justiça agir. Sob pena de converter o voto num mero equívoco renovado de quatro em quatro anos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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