Josias de Souza

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Opinião

Senhor da perversão, Bolsonaro se enfurece por ter sido gravado

Bolsonaro não se conforma com o fato de ter sido gravado pelo chefe de sua máquina de arapongagem. Nas últimas horas, dispensou a Alexandre Ramagem um tratamento de traidor. Ficou enfurecido ao saber que o ex-chefe da Abin gravou a reunião palaciana de uma hora e oito minutos na qual foi esboçado o plano de blindagem de Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha.

Bolsonaro se refere ao ex-auxiliar, hoje deputado federal e candidato a prefeito do Rio de Janeiro, com expressões pouco lisonjeiras. Na ofensa mais leve, chama-o de "burro" por manter o áudio da reunião tóxica arquivado por quatro anos no computador apreendido pela Polícia Federal. No insulto mais pesado, Bolsonaro manda Ramagem à presença de uma pessoa hipotética que, tendo exercido a profissão de prostituta, deu-lhe à luz sem saber com precisão quem é seu pai.

Quem conversou com Bolsonaro nas últimas 24 horas ficou com a impressão de que subiu no telhado o tour de três dias que ele faria com Ramagem a partir de quinta-feira da semana que vem. O primogênito Flávio Bolsonaro tenta contemporizar. Parece intuir que, a essa altura, a última coisa que interessa à família é um novo delator.

Se a fúria de Bolsonaro serve para alguma coisa é para aguçar a curiosidade dos que anseiam pela divulgação da íntregra do autogrampo de Ramagem.

De resto, os humores do capitão importam pouco. Até porque tirano que cavalga uma Abin paralela e fica furioso por ter sido gravado pelo operador da bisbilhotagem equivale a um chefe mafioso irritado porque um subordinado da cosa nostra compareceu à missa de domingo com uma arma na cintura.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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