Josias de Souza

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Opinião

Briga Marçal X Nunes vira guerra fratricida pelo amor de direitistas

No décimo e mais franco confronto entre os aspirantes à Prefeitura de São Paulo, a queda de braço particular que Pablo Marçal trava com Ricardo Nunes ganhou ares de guerra. Uma guerra fratricida pelo amor do eleitorado de direita.

Segundo apurou a coluna, Nunes foi ao debate UOL-Folha, o penúltimo da temporada, orientado para concentrar sua artilharia em Guilherme Boulos. Não conseguiu, porém, ignorar as provocações de Marçal. Mordeu todas as iscas.

Beneficiando-se do formato de um debate em que o banco de tempo liberou os candidatos para intervir quando bem entendessem, Marçal caprichou no torpedeamento de Nunes. Bateu do início ao fim.

Agarrado aos calcanhares de vidro do prefeito, Marçal fustigou-o com as denúncias de corrupção que rondam a prefeitura. Deu realce à investigação da Polícia Federal sobre a máfia das creches.

Marçal grudou em Nunes a pecha de cristão de conveniência, colocando em dúvida seus conhecimentos bíblicos. Desafiou-o, de resto, a explicar um antigo boletim de ocorrência registrado por sua mulher por violência doméstica. O prefeito absteve-se de responder. Ouviu a mesma provocação uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze vezes.

Para complicar, Nunes chegou aos instantes finais do debate sem fundos no banco de tempo. Acuado, gastou os 20 minutos de que dispunha sem método. Tornou-se um alvo indefeso de Marçal, que ironizou sua inépcia gerencial.

A certa altura, quando parecia um coadjuvante nos ataques a Nunes, Guilherme Boulos, que também açoitara o rival com as denúncias de licitações emergenciais fraudulentas e os alegados desvios nas creches, ecoou Marçal na cobrança sobre o BO da mulher do prefeito.

Para se diferenciar de Marçal, Boulos reiterou a pregação segundo a qual mede forças com dois representantes do bolsonarismo. Apresentou-se como único contendor à esquerda capaz de deter o avanço da direita em São Paulo.

Um detalhe adiciona emoção na reta final da disputa em São Paulo. Tabata Amaral, líder do bloco retardatário nas pesquisas, teve bom desempenho no debate. Destacou-se pela exposição de propostas. Esmerou-se também na exposição das fragilidades criminais e ideológicas dos adversários. Não poupou nem mesmo Boulos.

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Tabata não dispõe de tempo para produzir uma virada. Entretanto, na hipótese de ser premiada com uma eventual subida nas pesquisas, pode frustrar o esforço de Boulos pelo voto útil, potencializando o desafio de assegurar uma vaga para a esquerda no segundo round.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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