Josias de Souza

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Opinião

Datafolha deixa Tarcísio a um passo de virar líder da direita

O último Datafolha de 2024 coloca Tarcísio de Freitas no centro do tabuleiro de 2026. O governador de São Paulo já havia tonificado sua musculatura política no primeiro turno. Contribuiu para a exclusão de Pablo Marçal do jogo eleitoral paulistano. Confirmando-se a reeleição de Ricardo Nunes, Tarcísio consolida-se como líder da direita no país.

No placar dos votos válidos, Nunes (57%) está 14 pontos percentuais à frente de Guilherme Boulos (43%). Na última quinta-feira, a diferença era de 16 pontos. A oscilação dentro da margem de erro revela que saíram pela culatra os disparos do desafiante contra o prefeito no debate de sexta-feira, na Globo. A "entrevista de emprego" com Marçal rendeu a Boulos não votos, mas o constrangimento de qualificar o grotesco.

O cenário esboçado pelo Datafolha impõe desafios à direita e à esquerda. Para consolidar sua liderança, Tarcísio precisará: 1) Tourear os ciúmes de Bolsonaro; 2) Unificar a centro-direita, que sai das urnas municipais vitoriosa, porém trincada. A Boulos e seus aliados resta um último esforço para reduzir os danos.

Há quatro anos, quando perdeu a prefeitura paulistana para Bruno Covas, Boulos obteve 40,6% dos votos válidos. Precisa arrancar das urnas deste domingo um percentual maior do que esse para salvar a condição de protagonista no debate sobre a modernização do discurso da esquerda. De resto, Boulos potencializará a derrota de Lula se sair de 2024 menor do que entrou.

Resta a Lula um consolo. Eventuais êxitos obtidos por Bolsonaro em outras praças serão ofuscados pela covardia exibida pelo capitão em São Paulo. Se o desembarque tardio de Bolsonaro na capital paulista serviu para alguma coisa foi para realçar a covardia que levou o aliado Silas Malafaia a chamá-lo de "porcaria de líder."

Até aqui, Lula deixava aberta a possibilidade de disputar um quarto mandato para livrar o país do risco de um retorno da extrema-direita ao Planalto. Esse pretexto ficou gasto. A esquerda foi empurada para o divã. E Bolsonaro, encerrado o processo eleitoral, fiicará mais próximo do banco de réus do Supremo Tribunal Federal do que dos palanques.

Na prática, o futuro de Tarcísio ficará nas mãos de Lula. Uma vitória de Nunes na capital, somada ao sucesso obtido no interior do estado pelos partidos abrigados sob o guarda-chuva do Palácio dos Bandeirantes, pavimenta a reeleição do governador em 2026. A troca do praticamente certo por uma aventura presidencial duvidosa passa a depender sobretudo do desempenho do governo Lula.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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