Josias de Souza

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Opinião

Conflito entre advogados expõe trinca no alto-comando do golpe

No Brasil de antigamente, criminosos traídos choravam as mágoas na cadeia. Com o advento da delação premiada, as mágoas aprenderam a nadar. O lançamento de cúmplices ao mar tornou-se um esporte perigoso.

Paulo Cunha Bueno, defensor de Bolsonaro, brincou com fogo ao declarar que o golpe beneficiaria não o seu cliente, mas uma junta de generais palacianos. Marcus Vinícius, advogado do general Mário Fernandes, sentiu o cheiro de queimado.

Em comentário reproduzido pelo Globo, o doutor manifestou sua "perplexidade" com a fala do colega. Indagou: Cunha Bueno "é advogado de defesa ou promotor?". Avalia que ele " está atuando como promotor." Soou incrédulo: "Como faz isso?"

O próprio Bolsonaro já havia declarado que o plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes é "papo de quem tem minhoca na cabeça." A tática de se dissociar dos cúmplices pode resultar numa inutilidade cara.

É inútil porque não apaga as provas que dão a Bolsonaro a aparência de chefe da organização criminosa. A estratégia é onerosa porque o capitão e sua defesa produziram uma trinca no alto-comando do golpe. É a segunda rachadura. A primeira deu na delação do tenente-coronel Mauro Cid.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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