'Meu Exército' descobre que o golpe era um conto do vigário
Os militares que se associaram a Bolsonaro queriam um golpe. Não têm do que se queixar. O golpe, finalmente, veio. Não chegou na forma da ditadura que desejavam. O golpe que deu certo foi o conto do vigário em que os cúmplices do chefe da "organização criminosa" caíram.
Tudo o que parecia deixou de ser no instante em que Bolsonaro declarou que jamais discutiu golpe. E que o Plano Punhal Verde e Amarelo não passa de "papo de quem tem minhoca na cabeça." Seu advogado, Paulo Cunha Bueno, disse que o golpe não beneficiaria Bolsonaro, mas uma junta comandada pelos generais palacianos Braga Netto e Augusto Heleno.
Durante a Presidência de Bolsonaro, na hora em que a coisa apertou, ele sempre procurou a sua tribo. Assombrou a democracia por quatro anos com o fantasma do "meu Exército". Sabia quem era a sua turma. Se não concordavam em tudo, pelo menos não discordavam no básico: o golpismo.
A Polícia Federal revelou que, no atacado, a tentativa de instrumentalizar as Forças Armadas falhou. No varejo, Bolsonaro conseguiu arrastar para dentro da lista de 37 indiciados 25 fardados, o que equivale a 67,5% do total de candidatos a uma condenação de até 28 anos de cadeia.
A caminho do patíbulo do Supremo, Bolsonaro apegou-se no cinismo como náufrago que se agarra a um jacaré imaginando que é tronco. Age como se descobrisse do nada que sua tribo não é feita de voluntários, mas de traidores da pátria.
É como se Bolsonaro perguntasse para o general Mário Fernandes, preso preventivamente, algo assim: "Mário, Mário... o que você está fazendo aí dentro". Corre o risco de ouvir a seguinte resposta do redator do plano que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes: "Meu amigo, o que você está fazendo aí fora?"
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