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Josias: Governo encena coreografia da desmoralização de pacote de Haddad

O governo Lula promove a desmoralização do pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad ao estudar mudanças antes mesmo de as medidas serem postas em prática, disse o colunista Josias de Souza no UOL News nesta segunda (2).

O plano detalhado por Haddad prevê, entre outros pontos, mudanças no Imposto de Renda e ajustes para reduzir distorções no Bolsa Família e no BPC (Benefício de Prestação Contínua). A aposentadoria militar também foi afetada, o que levou o ministro da Defesa José Múcio e comandantes das Forças Armadas a se reunirem com o presidente Lula e pedirem uma regra de transição.

Imaginava-se que esse acordo já tivesse sido firmado. O que está acontecendo, e isso é muito ruim para o Haddad, é que o governo está encenando em público uma coreografia da desmoralização. Discute-se em reuniões privadas e intermináveis. Esse pacote foi empurrado com a barriga durante semanas, desgastando o ministro da Fazenda.

Quando anunciou, o fez de forma desastrada. Um pacote econômico ganhou ingredientes político-eleitorais. Enganchou-se em um pacote de corte de despesa uma renúncia de receita, algo absolutamente necessário e plausível, mas não era hora de anunciar isso. O debate sobre essa renúncia fiscal, que importa em uma compensação que seria a tributação de brasileiros que ganham mais de R$ 50 mil por mês, só será enfrentado no ano que vem.

A isenção de tributos para quem ganha até R$ 5 mil, se vier, vigorará em 2026. Não tinha que misturar as duas estações. Corte é corte; não dá para misturar com perda de receita. Não faz nexo e isso levou a uma desconfiança em relação ao pacote anunciado.

Agora, a desconfiança é potencializada. Percebe-se, a partir de uma reação dos militares, que o pacote tem a consistência de um pote de gelatina. É flácido e pode modificar conforme os ventos. Essa coreografia é o que há de mais deletério nesse processo todo porque imaginou-se que o martelo estaria batido. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, Haddad ficou em posição desfavorável ao ter que lidar com mudanças prematuras à proposta do corte de gastos, o que compromete a credibilidade do ministro junto ao mercado financeiro.

Em função da reação muito negativa dos operadores do mercado, Haddad disse que o pacote não era um gran finale e, se fosse necessário, daqui a três meses o governo voltaria às planilhas para fazer novos cortes e refazer os cálculos. Ele dava a entender que o relevante era o compromisso fiscal e já admitia rever o pacote mal anunciado.

Estamos vendo que, de fato, a revisão é relâmpago. No caso dos militares, ela se dá antes mesmo da consolidação da proposta, que nem foi apresentada e já está sendo revista para favorecê-los e reduzir a contribuição deles a esse corte de gastos. A coreografia não ajuda. Josias de Souza, colunista do UOL

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Tales: Intimidação do GSI revela que plano era instaurar ditadura no Brasil

O esquema de intimidação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) a investigadores e delegados de casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro mostra que o objetivo era o de estabelecer um regime ditatorial no Brasil, afirmou o colunista Tales Faria. Reportagem exclusiva do UOL revelou o conteúdo do relatório da Polícia Federal, que aponta um esquema de coação por parte do GSI, na época comandado pelo general Augusto Heleno.

Essa matéria é muito importante porque mostra o que viria depois. O plano era instaurar uma ditadura no Brasil. Não era apenas evitar a posse do Lula.

Esse conceito que o general Heleno coloca de que a pessoa estaria ameaçada de prisão caso obedecesse a ordens ilegais, inclusive do Supremo e da Justiça, significa o seguinte: vai caber ao todo-poderoso Executivo, no caso aquela comissão provisória, decidir o que é legal e ilegal e prender quem cometer atos que ele considerar ilegal. Tales Faria, colunista do UOL

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