Josias de Souza

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Opinião

Defesa de Collor esqueceu de citar a amnésia do presidiário

De duas, uma: Ou Collor está vendendo saúde ou seus defensores esqueceram de incluir a amnésia na pilha de doenças que justificariam a conversão da prisão em regime fechado, numa cadeia, para o refresco de um recolhimento domiciliar.

Poucas horas depois da detenção de Collor, sua defesa encaminhou petição a Alexandre de Moraes. Nela, alegou que o preso, 75 anos, é atormentado por doença de Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar.

Na versão dos advogados, as moléstias de Collor demandariam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado. Coisas indisponíveis na cadeia. A defesa se absteve de combinar com o paciente.

Collor estava bem, muito bem na audiência de custódia. Esboçava um sorriso. Acompanhado de um dos seus advogados, foi interrogado por videoconferência pelo juiz Rafael Henrique, da equipe de Alexandre de Moraes.

A certa altura, o doutor perguntou: "O senhor tem alguma doença, faz uso de algum medicamento de uso contínuo?" E Collor, categórico: "Não".

O juiz quis saber se o preso passara por exame de corpo de delito. Collor contou que uma "enfermeira" o examinara. "Tirou a pressão, o batimento cardíaco. Se é isso o corpo de delito, foi feito." Nada de anormal foi reportado.

Perguntou-se a Collor onde gostaria de cumprir sua pena. Respondeu que preferia Maceió a Brasília. Pela vontade da defesa, arrastaria uma tornozeleira no seu apartamento de cobertura, na orla da capital de Alagoas.

Moraes optou por enviar Collor para uma hospedaria "especial" do presídio alagoano de Baldomero Cavalcanti de Oliveira. Deu 24 horas para que a direção da penitenciária informe se dispõe de estrutura para garantir que Collor continue vendendo saúde.

Talvez convenha mesmo à defesa adicionar a amnésia em nova petição ao Supremo. Apenas um surto de falta de memória levaria um paciente de Parkinson, apneia grave e transtorno bipolar a informar que não toma remédios.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

11 comentários

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Rogerio Ignacio

Estamos bem de presidentes, alias, acho que dá para incluir uns 98% dos políticos, municipais, estaduais e federais. Fico imaginando, se todos os culpados fossem presos, onde colocaríamos tantos corruptos.

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Kleverton Melo de Carvalho

Meter atestado foi o que o advogado tentou, mas esqueceu de combinar com o Collor.  Deu ruim. A prática de meter atestado vai ser amplamente usada por Bolsonaro a partir de agora.  Enquanto puder fazer cirurgias, ter crises de pressão, dar chiliques de todo tipo (com câmeras ligadas, obviamente), ele fará. Palco e fake news são suas especialidades. 

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Nilton Cesar Pereira

Enquanto isso ninguém mais fala do roubo do INSS, do frei Chico, piada

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