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Josmar Jozino

Carrefour teve de pagar indenização em SP por truculência de seguranças

Protesto em frente ao supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre (RS) - Gustavo Aguirre/TheNews2/Estadão Conteúdo
Protesto em frente ao supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre (RS) Imagem: Gustavo Aguirre/TheNews2/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

21/11/2020 19h08

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O Carrefour já teve de pagar indenização por danos morais e responde a ações judiciais em São Paulo por causa da truculência de funcionários da Vector Patrimonial, empresa responsável pela segurança da rede de hipermercados no país.

Em 29 de dezembro do ano passado, um segurança da Vector foi acusado de ofender e de agredir um adolescente de 12 anos e outro de 13 na loja da rua Ribeiro Lacerda, 940, no Bosque da Saúde, zona sul de São Paulo.

Os garotos tinham ido a uma loja pet no hipermercado para comprar ração canina. Quando ambos estavam na rampa do estacionamento foram abordados por um segurança.

Segundo a versão dos adolescentes, o segurança ofendeu os dois com palavrões e agarrou ambos pelo pescoço. Os menores foram levados até o elevador. O funcionário ordenou que eles saíssem e ameaçou espancá-los caso retornassem.

Os adolescentes voltaram assustados, chorando e constrangidos para casa e relataram o episódio para os pais. As famílias prestaram queixa no 16º Distrito Policial (Vila Clementino), onde foi registrado um boletim de ocorrência.

Os pais dos meninos entraram na Justiça com ações de danos morais contra o Carrefour e a Vector Segurança Patrimonial. Em abril deste ano, a rede de hipermercado decidiu fazer acordo amigável com a família de um dos adolescentes.

O Carrefour pagou aos familiares do menino de 13 anos uma indenização no valor de R$ 7.000. E também desembolsou mais R$ 700 referentes a honorários advocatícios.

Fernanda Souza de Almeida, 30, mãe do garoto, disse ao UOL que, por medo, não deixa mais o filho ir ao hipermercado. "Eu também só vou lá em último caso. Essa empresa Vector deveria ser fechada. Os seguranças não têm o mínimo preparo", reclamou.

O processo movido pela família do outro menino está em fase de conclusão. O pai do garoto, o representante comercial Sérgio Artur Musso, 59, espera receber indenização de R$ 15 mil a R$ 20 mil.

Segundo Sérgio, o filho dele e o amiguinho ficaram traumatizados com as agressões e ofensas. "Os meninos voltaram para casa assustados e chorando. São bons filhos, estudantes e educados. Nunca fizeram nada errado", afirmou ao UOL.

A indignação de Sérgio aumentou na sexta-feira (20), quando ele viu na TV as imagens de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, sendo espancado até a morte em uma unidade do Carrefour de Porto Alegre, por seguranças da mesma empresa que agrediram seu filho.

"O Carrefour precisa selecionar melhor a empresa terceirizada de segurança. É um absurdo o que fizeram em Porto Alegre. São profissionais despreparados", comentou.

Sérgio contou que o segurança que agrediu seu filho foi dispensado da unidade do Carrefour do Bosque da Saúde no mesmo dia. "Só não sei se ele foi demitido ou transferido para outra loja", acrescentou.

Em Sorocaba, o empresário Waldemir de Jesus Nunes Costa, 61 anos, também resolveu procurar a Polícia Civil para prestar queixa contra a Vector Patrimonial e o Carrefour.

No dia 9 de maio deste ano, Waldemir foi à unidade do hipermercado no Jardim Sônia Maria para fazer aposta em uma casa lotérica. Ele ficou na fila normalmente. Mas, por ser idoso, uma funcionária pediu para que passasse à frente.

O segurança da Vector, um policial militar identificado como Eduardo, não gostou e passou a gritar com Waldemir, ofendendo-o. O empresário, que tem problemas de saúde, sentiu-se constrangido no meio de umas 100 pessoas, passou mal e quase desmaiou.

"Esse fato horrendo aconteceu num sábado, véspera do Dia das Mães. Na segunda-feira tive de ir ao médico. Fiquei também abalado emocionalmente. Meu processo está em andamento na Justiça, mas nada vai pagar e apagar a vergonha, o constrangimento e o medo que eu passei."

As imagens do espancamento em Porto Alegre também chocaram Waldemir. "Foi um horror. E o pior é que tanto lá como aqui comigo, as agressões envolveram policiais militares. Eu também poderia ter morrido nas mãos desses canalhas. Sinto muito mesmo pelo que fizeram com o João Alberto. Um absurdo. É imperdoável", acrescentou Waldemir.

Carrefour decide romper contrato

Após o caso da morte de João Alberto vir à tona, o Carrefour informou que decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e afirmou que fechará a loja. Em nota, o mercado afirmou que "adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso".

"O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário", disse a empresa em nota.

O Carrefour, ainda em nota, disse "lamentar profundamente o caso" e afirmou que iniciou uma "rigorosa apuração interna".

"Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."

A coluna entrou em contato com a assessoria de imprensa do Carrefour para comentar a respeito das indenizações, mas ainda não recebeu um retorno.