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Justiça aceita denúncia contra policiais por sequestro de líder do PCC
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A Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo MPE (Ministério Público Estadual) contra três policiais civis do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) acusados de envolvimento no sequestro e extorsão de Bruno Fernando de Lima Flor, o Armani, apontado como chefe nacional do braço jurídico do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Os investigadores José Luís Alves, 55, e Carlos Henrique dos Santos, 52, foram denunciados por associação criminosa; extorsão mediante sequestro; abuso de autoridade —entraram na casa de Armani sem mandado judicial—; falsidade ideológica —declararam informação falsa em documento público para justificar a prisão—; e receptação, pois usaram um carro furtado no arrebatamento.
José Roberto da Silva, 47, investigador do Deic, foi denunciado por receptação e associação criminosa. Ele dirigiu o veículo furtado.
O MPE denunciou ainda as advogadas Joanne França Salomão, 29, e Lívia Scansetti Santana, 38, por associação criminosa e corrupção ativa. Joanne também é acusada por falsidade ideológica. Todos já são réus no processo.
Rubens dos Santos Júnior, advogado dos policiais Alves e Santos disse ao UOL que oportunamente vai apresentar à reportagem os esclarecimentos necessários que vão provar a inocência de seus clientes. Os dois investigadores estão presos desde o dia 18 do mês passado. Ambos tiveram a prisão preventiva decretada.
Anderson dos Santos Domingues, advogado de Joanne, afirmou que ela nega a autoria delitiva. O defensor acrescentou que vai demonstrar a inocência da cliente no curso do processo.
José Albino Neto, advogado de José Roberto, afirmou que o cliente não tem envolvimento com organização criminosa, é policial há mais de 20 anos, nunca respondeu à sanção na Corregedoria da Polícia Civil e que vai provar a inocência dele. O UOL não conseguiu contato com a defesa de Lívia Scansetti.
Armani foi sequestrado no dia 24 de julho de 2020. Os policiais civis fizeram campana na rua onde ele morava e o abordaram em um posto de gasolina, onde parou para abastecer o veículo. Os investigadores o levaram até a casa dele e se apropriaram de R$ 5.000.
O sequestrado foi levado para o Deic. Uma sala da 2ª Delegacia de Crimes contra o Patrimônio foi usada como cativeiro. Os policiais civis exigiram, a princípio, R$ 300 mil para libertar o preso, mas depois reduziram o valor para R$ 75 mil.
Segundo o MPE, a advogada Lívia foi avisada sobre a prisão e acionou a colega Joanne para intermediar o pagamento da propina. Os investigadores receberam uma parcela de R$ 30 mil e exigiram o restante no prazo de 20 dias.
Os investigadores do Deic sabiam que Armani receberia R$ 1,5 milhão do PCC e, por isso, o sequestraram. O plano dos investigadores foi descoberto após a prisão de Armani, ocorrida em 18 de novembro de 2020, durante a deflagração da operação Fast Track, desencadeada pelo MPE para desarticular o braço jurídico nacional do PCC.
Os telefones celulares de Armani e da mulher dele foram apreendidos e, nos equipamentos periciados, havia mensagens e áudios sobre o sequestro. O MPE também teve acesso às imagens de câmeras de segurança mostrando os agentes Alves e Santos invadindo a casa de Armani.
Lívia, Joanne e José Roberto respondem ao processo em liberdade. A Justiça determinou o afastamento do cargo dos três policiais civis e o sequestro de R$ 155 mil apreendidos com Alves e Santos.
Na casa de Santos também foram apreendidas diversas armas —como pistolas e fuzis—, avaliadas em R$ 260 mil. Segundo o MPE, ele ganhava R$ 5.000 por mês e teria de trabalhar cinco anos sem gastar um centavo para comprar o armamento.
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