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Piloto de jato com 1,3 tonelada de coca serviu 15 anos na Força Aérea turca
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Casado e pai de duas filhas, Veli Deli, 48, piloto do avião de prefixo TC-GVA apreendido pela Polícia Federal com 1,3 tonelada de cocaína, na última quarta-feira (4), no aeroporto internacional de Fortaleza, no Ceará, serviu durante 15 anos na Força Aérea da Turquia.
Segundo agentes federais, a droga estava acondicionada em 24 malas pertencentes ao passageiro espanhol Angel Alberto Gonzalez, 60 anos. Em cada bagagem havia 50 tabletes de cocaína, totalizando 1.200.
Deli e o espanhol foram presos por agentes federais e apontados como suspeitos por tráfico internacional de drogas. O advogado Leonardo Duavy Pontes defende o piloto e diz que seu cliente é inocente e não tinha conhecimento da droga a bordo da aeronave.
Segundo o advogado, Deli trabalha há 10 anos na aviação civil, é funcionário da ACM Airlines há três anos e tem 10 mil horas de voo. Pontes afirmou que é a primeira vez que o piloto turco vem ao Brasil.
O advogado ressaltou que tanto o piloto quanto os tripulantes da aeronave não exercem qualquer tipo de gerência sobre as bagagens colocadas a bordo e que a função deles é sempre prestar o serviço de táxi aéreo para quem freta o avião.
O jato chegou à Fortaleza no último dia 2, procedente de Málaga, na Espanha. Da capital cearense, a aeronave seguiu para o aeroporto de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
A Polícia Federal apurou que o espanhol embarcou em Ribeirão Preto com as 24 malas. Há informações de que Gonzalez já era investigado por agentes federais. De volta ao aeroporto de Fortaleza, a aeronave foi submetida a uma varredura.
A ação foi filmada. As imagens mostram Gonzalez sentado na poltrona, segurando uma pasta. Agentes federais pedem para o passageiro abrir uma das malas, mas ele se recusa. Um policial inspeciona a bagagem, encontra a droga e indaga ao piloto se ele tinha conhecimento do entorpecente.
O piloto, o espanhol responsável pelo frete do avião e a tripulação foram levados para uma delegacia da PF. Os tripulantes foram ouvidos e liberados. Pontes disse que seu cliente não tinha como provar a inocência naquele momento nem na audiência de custódia e a Justiça Federal decidiu mantê-lo preso.
Pontes ressaltou que Deli está padecendo no cárcere e que espera em breve conseguir a liberdade e também provar à Justiça brasileira a inocência do piloto turco.
Já o advogado Rodrigo Duarte, especialista em Direito Aeronáutico, explicou ao UOL que piloto de avião não tem prerrogativa jurídica nem poder de polícia para inspecionar bagagens.
Ele acrescentou que o piloto deve verificar o peso das bagagens por razões de segurança. Se o limite do peso for extrapolado pode haver problemas na decolagem ou aterrissagem da aeronave. Segundo o advogado, se o piloto desconfiar da atitude do passageiro pode acionar as autoridades competentes.
Duarte explicou ainda que os aviões procedentes do exterior têm de pousar em um aeroporto internacional para ser submetido aos trâmites burocráticos e precisam de autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação) para fazer sobrevoos no território nacional.
Além disso, os aviões são fiscalizados pela Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e também por técnicos da vigilância agropecuária. Estes últimos apuram se não há a bordo flores, sementes ou agentes nocivos à agricultura nacional.
O jato de prefixo TC-GVA com o espanhol a bordo seguiria para a Europa e faria escala em Lisboa, capital de Portugal. O destino final seria Bruxelas, na Bélgica.
O UOL não conseguiu localizar o advogado de Gonzalez. A Polícia Federal não quis dar maiores detalhes sobre a prisão do espanhol, alegando que as investigações estão sob sigilo.
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