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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Responsável por finanças do PCC é suspeito de mandar matar 2 mulheres em SP

A polícia encontrou em junho os corpos das jovens Julia Renata Garcia Rafael e Cláudia Cristina Pinto Menezes - Reprodução/Facebook
A polícia encontrou em junho os corpos das jovens Julia Renata Garcia Rafael e Cláudia Cristina Pinto Menezes Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

02/09/2021 07h00

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Assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital) por ter desviado dinheiro da facção criminosa, Gilberto Flares Lopes Pontes, 39, o Tobé, também era procurado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) por suspeita de ser o mandante das mortes de duas garotas na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Um outro motivo para ter sido assassinado foi, de acordo com a investigação policial, ter ordenado a morte das vítimas sem autorização da organização criminosa.

Tobé foi encontrado morto na última sexta-feira em um cemitério clandestino em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Junto com ele foi assassinado Daniel da Costa Lopes, o Professor. Os corpos estavam amarrados e cobertos por uma manta.

Contra Tobé havia um mandado de prisão preventiva expedido em setembro de 2020 pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital). Ele era um integrante graduado do setor financeiro do PCC, responsável pela movimentação de R$ 1,2 bilhão para a facção criminosa entre janeiro de 2018 e julho de 2019.

A pedido do DHPP, a Justiça também havia expedido mandados de busca e apreensão em endereços de Tobé. Investigações feitas pelo Departamento de Homicídios apontaram o criminoso como mandante das mortes de Julia Renata Garcia Rafael e Cláudia Cristina Pinto Menezes.

As garotas estavam desaparecidas desde o dia 3 de junho deste ano, quando foram a uma festa na boate Paraíso da Laje, em Paraisópolis. Os corpos foram encontrados no dia 16 de junho em um trecho do Rodoanel, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Há rumores de que uma delas se relacionava com um policial militar.

Tribunal do crime

Segundo policiais civis, Tobé "foi julgado simultaneamente em dois júris no tribunal do crime do PCC".

Primeiro foi condenado à morte pela acusação de ter desviado dinheiro da facção. A outra condenação foi por ter mandado matar, sem autorização da organização criminosa, as duas moças em Paraisópolis.

Por causa do desaparecimento de Renata e Cláudia, policiais civis e militares fizeram diversas incursões na comunidade, à procura das jovens. A ocupação policial em Paraisópolis gerou enormes prejuízos ao PCC, pois atrapalhou as atividades com o tráfico de drogas coordenado pelo grupo criminoso.

Por conta desse prejuízo e também pela acusação de ter desviado dinheiro da facção, Tobé foi morto a tiros. O corpo dele apresentava sinais de espancamentos, indicando que o integrante do braço financeiro do PCC foi torturado antes de ser assassinado.

Segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do DHPP, Tobé era procurado no inquérito que apurava o desaparecimento das duas garotas em Paraisópolis. O policial acrescentou que havia um "salve (recado) do PCC para matá-lo, justamente pelo desvio de dinheiro e por ter mandado matar as garotas sem ordem da alta cúpula da facção.

Em um dos mandados de busca e apreensão cumpridos em uma chácara de Tobé, policiais do DHPP apreenderam 50 kg de cocaína. Ainda de acordo com Fábio Pinheiro, um dos funcionários do criminoso acabou preso em flagrante por tráfico de drogas.