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PCC completa 28 anos de fundação com tensão, mortes e disputa por dinheiro
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Criado em 31 de agosto de 1993 no sistema prisional paulista, o PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do país, completou ontem 28 anos de existência em clima de tensão por causa de novos conflitos internos, assassinatos de faccionados e disputa por dinheiro.
Gilberto Flares Lopes Pontes, 39, integrante do núcleo financeiro da facção, e o comparsa Daniel da Costa Lopes são as novas vítimas do "tribunal do crime" do PCC. Ambos foram encontrados mortos na última sexta-feira em um cemitério clandestino em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Pontes também conhecido como Tobé, e Costa foram assassinados sob a acusação de desvio de dinheiro do PCC. Os corpos estavam amarrados com cordas e cobertos por uma manta no fundo de uma vala.
O MP-SP apurou que as vítimas eram ligadas a Nadim Georges Hanna Awad Neto, 42, desaparecido em fevereiro deste ano.
O carro de Nadim foi achado na Vila Maria, zona norte paulistana. Há suspeitas de que o "tribunal do crime" do PCC o matou pelo mesmo motivo: desvio de dinheiro.
Disputas por poder e dinheiro
Pontes era foragido da Justiça. Ele estava com prisão preventiva decretada e era um dos 21 investigados na Operação Sharks (tubarões em inglês), deflagrada em setembro do ano passado para desarticular o braço financeiro do PCC.
As investigações começaram em agosto de 2018, após a prisão de Robson Sampaio de Lima, o Tubarão. O apelido dele deu nome à Operação Sharks, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), deflagrada em setembro do ano passado.
Movimentação bilionária
Segundo o Gaeco, o braço financeiro do PCC movimentou R$ 1,2 bilhão entre janeiro de 2018 e julho de 2019 com o tráfico de drogas. Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, foragido da Justiça, é apontado como o chefe desse núcleo.
O nome de Tuta e dos outros 20 investigados aparecem no novo organograma do PCC, divulgado pelo MPE no dia da deflagração da Operação Sharks. Todos foram acusados de envolvimento com branqueamento de capitais e ocultação de bens e valores do PCC.
O Gaeco apurou que até agora o "tribunal do crime" do PCC já matou ao menos 10 pessoas ligadas a Nadim. Nessa lista estão incluídos os nomes de Pontes e de Costa. O Ministério Público quer saber quem deu as ordens para os assassinatos.
Para promotores de Justiça que investigam as ações do PCC, uma nova guerra interna na organização criminosa pode ser deflagrada, caso as 11 mortes não tenham sido autorizadas pela alta cúpula da facção criminosa, recolhida em presídios federais.
Amigas mortas em Paraisópolis
Há rumores também de que, além do desvio de dinheiro, Pontes e Costa foram decretados à morte pelo "tribunal do crime" do PCC porque permitiram os sequestros e assassinatos das amigas Julia Renata Garcia, 26 e Cláudia Cristina Pinto, 35, na comunidade de Paraisópolis, zona sul.
Ambas foram vistas pela última vez no dia 3 de junho deste ano, em uma festa na casa noturna Paraíso da Laje. Os corpos foram encontrados duas semanas depois em um trecho do Rodoanel, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. A Polícia Civil apurou que ambas foram envenenadas.
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco de Presidente Prudente, acredita que Pontes e Lopes foram mortos por desvio de dinheiro do PCC e não por envolvimento nas mortes nas garotas sumidas de Paraisópolis.
Em 2013, o PCC havia repassado uma missão para Gilberto Flares Lopes Pontes: Matar a ex-mulher de José Márcio Felício, o Geleião, um dos oito fundadores do grupo criminoso. O serviço de inteligência do MPE apurou que Pontes matou a pessoa errada.
O último conflito interno grave no PCC aconteceu em fevereiro de 2018 na aldeia indígena de Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza, Ceará, onde Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram mortos a tiros, acusados de desviar dinheiro da facção criminosa.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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