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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Governador que teve a filha morta compara Paraguai com situação do México

Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21, filha de Ronald Acevedo, governador de Amambai, no Paraguai - Reprodução
Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21, filha de Ronald Acevedo, governador de Amambai, no Paraguai Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

12/10/2021 07h00

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O governador de Amambay, no Paraguai, Ronald Acevedo, cuja filha foi uma das quatro vítimas de chacina em Pedro Juan Caballero, sábado, comparou a cidade onde ocorreu a matança à região de Sinaloa, um dos estados mais violentos do México, dominado por cartel de narcotraficantes.

Em entrevista a uma emissora de rádio paraguaia, Ronald Acevedo disse que as vítimas da chacina estavam no novo Sinaloa do México chamado Pedro Juan Caballero. Segundo ele, a cidade, na fronteira com Ponta Porã (MS), é um mercado livre da morte, um mercado livre das drogas.

A filha do governador, Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21, foi morta com tiros de fuzil ao lado das amigas brasileiras Kaline Reinoso de Oliveira, 22, e Rhannye Jamily Borges de Oliveira, 18, estudantes de medicina na UCP (Universidade Central do Paraguai).

Segundo a Polícia do Paraguai, o alvo do ataque era Osmar Vicente Álvarez Grance, 32, o Bebeto. Ele foi morto com 31 tiros. Seis brasileiros suspeitos de envolvimento na chacina foram presos ontem em um sobrado na localidade de Cerro Corá, vizinha a Pedro Juan Caballero.

O corpo de Kaline Reinoso, natural de Dourados (MS), foi enterrado no cemitério Parque Primavera, naquela cidade. A amiga dela, Rhannye Jamilly, foi sepultada em um cemitério em Curvelândia, a 311 km de Cuiabá, no Mato Grosso.

A Polícia Federal do Brasil investiga se o PCC (Primeiro Comando da Capital) tem envolvimento nas quatro mortes. Uma nota apócrifa que circula nas redes sociais diz que a facção criminosa não tem qualquer relação com a chacina.

Desde junho de 2016, quando o narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, 56, chamado de "rei da fronteira", foi morto a tiros durante uma emboscada coordenada pelo PCC, de acordo com investigações policiais, a violência se intensificou na fronteira.

Autoridades das forças de segurança de Pedro Juan Caballero e de Ponta Porã afirmam que ao menos 15 pessoas foram assassinadas na região nas duas últimas semanas.

Investigações da Polícia Federal apontaram que o PCC havia montado um quartel-general na região com 174 homens. O primeiro nome da lista era de Giovanni Barbosa da Silva, 29, o Koringa, apontado por agentes como o líder do PCC naquele território.

Koringa foi preso em janeiro deste ano em Pedro Juan Caballero. O posto dele foi assumido por Weslley Neres dos Santos, 35, o Bebezão, preso na mesma cidade, em março de 2021.

A suspeita da polícia paraguaia é de que Osmar Grance, o alvo da chacina de sábado, tenha delatado Bebezão e por isso foi assassinado. O objetivo do PCC na região - segundo as autoridades - é manter a hegemonia na distribuição e comercialização de drogas, especialmente cocaína, e armas.