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Passaporte encontrado na casa da namorada identifica o "Aquaman" do PCC
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O espanhol Joaquin Francisco Gimenez, 34, o "Aquaman" do PCC, preso em Santos (SP) no último dia 11 e acusado de fixar caixas metálicas com cocaína em cascos de navios rumo à Europa, é mesmo o dono de uma empresa de manutenção de embarcações sediada em Las Palmas, na Espanha.
A informação foi confirmada graças à apreensão do passaporte do "Aquaman". Ele esqueceu o documento na casa onde vivia temporariamente com a namorada de 30 anos, na Praia do Morro, em Guarapari, no Espírito Santo.
Sete integrantes da quadrilha do "Aquaman" foram presos em Vila Velha (ES), no mês passado, e com eles policiais civis e federais apreenderam um total de 900 kg de cocaína em dois endereços. A suspeita da Polícia Federal é a de que o espanhol iria acoplar a droga em cascos de navios.
Entre os sete presos do bando no Espírito Santo, a maioria é radicada em Santos e alguns já foram indiciados por tráfico de drogas.
O chefe da quadrilha, no entanto, identificado como Felipe Marques da Costa, 36, conhecido como São Paulo, conseguiu escapar.
A namorada do espanhol havia sido parada em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal em 24 de novembro do ano passado, no Espírito Santo, quando retornava de Santos com a filha e três cachorros. No veículo dirigido por ela havia uma máquina a vácuo de embalar drogas.
Enquanto a moça era interrogada pelos agentes rodoviários, o "Aquaman" chegava de surpresa ao posto policial e perguntava por ela. O mergulhador do PCC disse que foi avisado da abordagem pela sogra, que teria recebido uma mensagem da filha via celular.
O "Aquaman" também foi interrogado. Ele contou que era empresário, dono da Cadiser, companhia voltada à manutenção de navios, com sede em Las Palmas, nas Ilhas Canárias. Essa região da Espanha é uma das principais rotas do tráfico internacional de cocaína da Europa.
O mergulhador afirmou que a empresa também atuava no Marrocos e em Dakar e que no ano passado faturou US$ 1,4 milhão. O "Aquaman" disse ainda que tinha restaurante em Santos e que pretendia montar no Brasil uma empresa especializada em limpeza de navios.
O espanhol revelou ainda que tinha viajado com a namorada para a Espanha e França, em setembro do ano passado, e que havia retornado ao Brasil em meados de outubro. Acrescentou que estava no Espírito Santo havia duas semanas e em território brasileiro desde 2021.
Em relação à moto BMW que pilotava quando chegou ao posto rodoviário federal, ele declarou que havia comprado o veículo por R$ 51 mil. Já a namorada disse que o veículo que ela dirigia ao ser abordada havia sido locado por um primo.
Tribunal do crime
Ela afirmou que o primo se chama Marcos Vinícius Marcelino Teixeira. Ele é um dos sete integrantes da quadrilha do "Aquaman" presos em Vila Velha e contra ele já havia um mandado de prisão. Além dele, outros integrantes do bando já eram investigados pelo Ministério Público de São Paulo. O espanhol e a namorada foram liberados pelos policiais rodoviários federais.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão subordinado ao Ministério Público Estadual, identificou os acusados após monitorar, com autorização judicial, o telefone celular de Felipe Marques da Costa, o São Paulo.
Felipe é apontado como o chefe da célula do PCC conhecida como "setor dos países". Ele também é investigado por comandar um "tribunal do crime" da facção criminosa que deixou vários mortos em Araraquara e municípios vizinhos.
Algumas vítimas foram salvas por policiais militares em pleno "julgamento" do "tribunal do crime". Outras foram amarradas, colocas em veículos, levadas para cativeiros e assassinadas.
Segundo o Gaeco, as vítimas foram mortas porque desagradaram os interesses da facção. Felipe conseguiu fugir ao cerco da força tarefa policial do Espírito Santo. O comparsa dele, Amir José Leite Ferreira, o Jogador, não teve a mesma sorte e é um dos sete presos.
O bando teve várias horas de conversas telefônicas interceptadas. O "Aquaman" também chegou a "cair no grampo telefônico. No início do monitoramento, o Gaeco não conseguiu descobrir a identidade dele, mas apenas o apelido: "Gordo".
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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