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Ladrões do 'novo cangaço' planejaram resgatar chefes do PCC em prisão de SP
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Chefes de quadrilhas do "novo cangaço", como são chamados os bandos responsáveis por ataques a bancos com uso de explosivos e metralhadoras calibre 50, planejaram resgatar líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).
A informação consta em um relatório sigiloso enviado em 19 de novembro de 2021 pela Croeste (Coordenadoria dos Estabelecimentos Prisionais da Região Oeste) à chefia executiva da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária).
No relatório consta que cada integrante das quadrilhas do "novo cangaço" ganharia para resgatar a alta cúpula do PCC presa até o início de 2019 na P-2 de Presidente Venceslau o montante parecido com os valores arrecadados nas explosões às agências bancárias realizadas em várias cidades do país.
No ataque ao SERET (Serviço Regional de Tesouraria) do Banco do Brasil de Criciúma, em Santa Catarina, ladrões levaram R$ 125 milhões, segundo a Polícia Civil. Esse foi um dos ataques mais violentos. O bando sitiou a cidade e feriu um policial militar com tiro de fuzil.
O documento sigiloso informa que ao menos 20 assaltantes de gangues do "novo cangaço" estão presos na P-2 de Presidente Venceslau e que todos eles integram o PCC. De acordo com o relatório, esses presidiários foram monitorados durante meses na unidade prisional.
O relatório aponta que durante o acompanhamento foram captados comentários dos próprios presos do "Novo Cangaço" com outros sentenciados, afirmando que participariam do resgaste dos líderes do PCC no final de 2018 e meados de 2019.
Consta na documentação que os prisioneiros afirmam que não teriam grande dificuldade para a realização do intento porque Presidente Venceslau é uma cidade de pequeno porte, longe de grandes centros e próxima da divisa com outros estados.
Em fevereiro de 2019, a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, subordinado ao Ministério Púbico Estadual, o governo de São Paulo transferiu 15 presos da alta cúpula do PCC da P-2 de Venceslau para presídios federais.
A SAP informou o Gaeco, à época, que um preso colaborador havia procurado a direção do presídio para informar que havia em prática um plano para resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o número 1 do PCC, e outros chefes da facção naquela unidade.
Segundo a SAP, o preso delator contou que o plano de resgate era coordenado por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, apontado como homem de confiança de Marcola. Fuminho estava foragido à época e acabou preso em abril de 2020 em Moçambique, na África.
A SAP comunicou ainda ao Gaeco que o delator acrescentou que Fuminho tinha fazendas na Bolívia, havia recrutado mercenários bolivianos e até africanos para a ação. O detento revelou ainda que os criminosos usariam aeronaves e carros blindados e gastariam dezenas de milhões com a logística.
O Gaeco então enviou ofício à Justiça de São Paulo pedindo a imediata remoção de Marcola e de outros 14 chefes do PCC até então recolhidos na P-2 de Venceslau. As transferências ocorreram na manhã de 13 de fevereiro de 2019 sob forte esquema de segurança.
Dias antes das remoções, por determinação da SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), a Polícia Militar deslocou para Presidente Venceslau pelo menos 200 homens da tropa de elite da corporação, incluindo policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).
Os advogados dos presos transferidos para presídios federais sustentam que o plano de resgate é pura invenção, nunca existiu e, portanto, jamais poderá ser comprovado. A própria SAP reconhece que o serviço de inteligência da pasta nunca conseguiu apurar a veracidade da informação do delator.
Os defensores dos prisioneiros removidos alegam também que os presídios federais são unidades destinadas ao cumprimento de castigo temporário e não para cumprimento de pena. Os advogados afirmam ainda que sempre que a SAP e a Justiça propõem a prorrogação da permanência dos presos nas unidades federais o fazem com base nos relatos do suposto preso delator.
Para a Justiça de São Paulo, entretanto, a remoção dos 15 presos não foi feita apenas por causa das informações sobre um plano de resgate, mas também porque os prisioneiros são integrantes de facção criminosa e oferecem risco à segurança dos presídios paulistas.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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