Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Justiça aceita denúncia contra Marcola e familiares por lavagem de dinheiro

Colunista do UOL

16/02/2022 15h18Atualizada em 16/02/2022 15h45

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Justiça aceitou a denúncia por crime de lavagem de dinheiro oferecida contra o preso Marco Willians Herbas Camacho, 53, o Marcola, apontado pelo Ministério Público Estadual como o líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro determinou o sequestro de um imóvel de alto padrão da família de Marcola, localizado na Grande São Paulo, e também o montante de R$ 479.756,37.

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), em 12 de junho de 2018, a família de Marcola comprou uma casa em um condomínio em Alphaville, na Grande São Paulo, por R$ 1,1 milhão.

As investigações do Gaeco apontam que três anos antes, em 2015, o mesmo imóvel, onde havia uma edificação não concluída, estava avaliado em R$ 3 milhões e atualmente vale R$ 5 milhões. Para a Polícia Civil, a propriedade foi comprada por um preço bem abaixo do valor e houve lavagem de dinheiro.

Além de Marcola também foram denunciadas outras cinco pessoas, sendo três familiares dele e duas acusadas de vender o imóvel para os parentes do presidiário.

O juiz Thiago Baldani Gomes de Filippo determinou o arquivamento do inquérito policial em relação ao suposto crime de associação criminosa atribuído a Marcola e aos outros cinco acusados.

O magistrado também decidiu pelo arquivamento do sequestro de um Audi ano 2018 e de uma caminhonete Toyota Hilux, também 2018, de propriedade dos familiares de Marcola.

As investigações contra o preso e os familiares dele tiveram início em 2019 e foram conduzidas pela 6ª Delegacia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

A 6ª Delegacia de Investigações sobre Facções Criminosas é a mesma onde trabalhavam, recentemente, policiais civis acusados de desviar quantidades expressivas de drogas apreendidas com traficantes. A Corregedoria da Polícia Civil investiga o caso.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a defesa de Marcola afirmou que o preso em nenhum momento do inquérito policial pela acusação de lavagem de dinheiro foi investigado nem interrogado, sendo apenas denunciado.

Os defensores de Marcola sustentam que não há uma prova ou indício de que ele nem terceiros tenham contribuído com qualquer valor para a aquisição do imóvel

Em relação aos R$ 476.756,37 bloqueados pela Justiça, a defesa de Marcola alega que o valor refere-se à atividade lícita exercida por um dos familiares de Marcola denunciado pelo Ministério Público.

Ainda segundo os advogados de Marco Willian Herbas Camacho, a instrução processual provará completamente a inocência de todos os envolvidos na denúncia.

As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.