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Com CAC cancelado pelo Exército, Justiça condena atirador a 10 anos em SP
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O certificado de registro de CAC (caçador, atirador e colecionador) de Enderson Hideki Kinjo, 54, tinha validade até 16 de maio de 2029. Mas o Exército brasileiro cancelou o documento em 5 de novembro de 2020 por motivo de "perda de idoneidade".
Um mês antes do cancelamento, Kinjo havia sido preso em flagrante sob a acusação de manter em sua casa, no bairro do Lajeado, zona leste paulistana, uma fábrica clandestina de armas de fogo e munição.
Na semana passada, a juíza Daniela Martins de Castro Mariani Cavallanti, da 2ª Vara Criminal da Capital, condenou Kinjo a 10 anos e seis meses de prisão. Ao réu foi concedida oportunidade de recorrer da sentença em liberdade. Ele era chamado de armeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) no CDP (Centro de Detenção Provisória) 1 de Guarulhos, segundo é mencionado na sentença judicial.
A advogada de Kinjo, Euza Maria Rocha Izidorio Cardoso de Mello, após tomar conhecimento da reportagem, esclareceu que seu cliente não é armeiro e muito menos armeiro do PCC, como foi intitulado na matéria. A defensora informou que a sentença ainda não foi publicada.
Policiais militares disseram que foram à casa de Kinjo para checar denúncia anônima sobre uma fábrica clandestina de armamentos no local. Na residência, conforme consta nos autos do processo, os PMs afirmaram ter encontrado 14 armas de fogo de diversos calibres, 28.279 projéteis e 27 carregadores.
No processo é mencionado também que os militares apreenderam ainda 21 kg de pólvora, 600 kg de chumbo, moldes para a criação de projéteis, equipamento para medir velocidade de projétil, maquinários, acessórios e inúmeras ferramentas destinadas à fabricação de munição.
Na sentença condenatória, a magistrada observou que Kinjo, ao manter uma fábrica clandestina de armas em casa, "ultrapassou os limites autorizados por lei". No entendimento da juíza, tal fato "demonstra o caráter ilícito da conduta perpetrada pelo acusado".
Ao depor em juízo, Kinjo alegou que era CAC e fazia apenas recarga de munição e que nunca recarregou projéteis para terceiros.
Kinjo afirmou que era técnico de informática e tinha de ajudar os pais. Contou ainda que a mulher dele deixou de trabalhar por causa da pandemia. Acrescentou também que até 2020 frequentou dois clubes de tiros na capital paulista.
Campeão de tiro
Em petições judiciais, a defensora sustentou que o cliente tinha todas as autorizações legais para a atividade injustamente incriminada. E alegou ainda que "não restou provado os crimes imputados ao réu pelo Ministério Público".
Segundo a defesa, "não se encontram no plano processual provas robustas claras e verossímeis que façam acreditar que o réu teria praticado os crimes pelos quais é acusado".
A defesa do réu alegou ainda que o cliente é pessoa de boa índole e de conduta social, é primário, trabalhador e tem residência fixa no mesmo endereço há mais de 23 anos.
Ainda de acordo com a defesa do acusado, Kinjo "é sem sombra de dúvida um indivíduo que jamais possuiu o hábito de praticar atividades criminosas".
Em ofício encaminhado á Justiça, a Federação Paulista de Tiro Prático informou que Kinjo, ao longo dos últimos anos, participou de competições e conquistou títulos, como o de campeão em 2017 com carabina de precisão. No ano seguinte, ele foi vice-campeão na mesma modalidade.
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