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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça Federal do RN decreta a prisão preventiva da "Família Busca Pó"

O casal Karine de Oliveira Campos, 43, e Marcelo Mendes Ferreira, 39, conhecido nos meios policiais como a "Família Busca Pó" - Divulgação
O casal Karine de Oliveira Campos, 43, e Marcelo Mendes Ferreira, 39, conhecido nos meios policiais como a "Família Busca Pó" Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

13/09/2022 04h00

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A Justiça Federal decretou a prisão preventiva do casal Karine de Oliveira Campos, 43, e Marcelo Mendes Ferreira, 39, conhecido nos meios policiais como a "Família Busca Pó". Ambos são acusados de enviar toneladas de cocaína para a Europa via portos brasileiros.

A "Família Busca Pó" está foragida. Há informações de que Karine, Marcelo e os dois filhos estavam, três semanas atrás, escondidos em Palma de Mallorca, na Espanha, junto com bolivianos. Na residência, o casal receberia visitas de brasileiros, albaneses e ingleses.

Fontes disseram à coluna que o casal iria de helicóptero para Barcelona, também na Espanha, onde viveria tranquilamente. As mesmas fontes afirmaram que a "Família Busca Pó" usaria documentos africanos, mexicanos e bolivianos, todos falsificados, para driblar as autoridades.

Segundo a Polícia Federal, a "Família Busca Pó" era o principal operador de complexo esquema de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro liderado pelo ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, o Major Carvalho.

Chamado de "Escobar brasileiro" na Europa, em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar, Major Carvalho foi preso em Budapeste, na Hungria, em 21 de junho deste ano. Ele é considerado um dos maiores traficantes de cocaína do mundo.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Karine, Marcelo e Sergio Roberto de Carvalho, mas publicará na íntegra a versão dos defensores deles assim que houver uma manifestação.

Assim como o casal Karine e Marcelo, o Major Carvalho e outras 43 pessoas também tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz federal Mário Azevedo Jambo, da 2ª Vara Federal de Natal, no Rio Grande do Norte. A maioria dos acusados é do estado de São Paulo.

Todos foram investigados na Operação Maritimum, deflagrada pela PF em julho deste ano nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará, com o objetivo de desarticular a quadrilha especializada no tráfico internacional de cocaína.

Os trabalhos de investigação tiveram início em 12 de julho de 2021, quando foram apreendidos 556 kg de cocaína em um contêiner para exportação no Porto de Natal. A droga estava escondida em meio a uma carga lícita de limão e tinha como destino o porto de Roterdã, na Holanda.

Ao menos dois carregamentos de cocaína atribuídos à "Família Busca Pó" foram apreendidos no Brasil pelos agentes federais. Um deles, contendo 487 kg de cocaína escondidos em meio a algas marinhas em pó, foi encontrado em 14 de dezembro de 2021 no Porto do Mucuripe, no Ceará.

A droga iria para o porto francês de Le Havre. O outro carregamento, de 281 kg de cocaína escondidos em uma carga de polietileno, foi apreendido no Porto de Salvador, na Bahia. De acordo com a PF, a cocaína seguiria para a cidade de Qingdao, na China.

Karine também é conhecida como "rainha da cocaína" no Porto de Santos (SP). Ela é condenada a 17 anos e 2 meses por tráfico internacional de drogas. O marido Marcelo tem condenação de 15 anos e dois meses. Ambos foram acusados de exportar 3,9 toneladas da droga para países europeus.

Líder do bando

Segundo a PF, em 2019, Karine foi acusada de liderar o bando especializado nas remessas de cocaína para a Europa pelos portos do Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. A droga era enviada para portos da Bélgica, França, Holanda, Itália, Espanha e Portugal.

Em ao menos seis oportunidades, entre janeiro e dezembro de 2018, as remessas totais de 3,9 toneladas de cocaína chegaram ao destino final. No Brasil, em 2019, foram apreendidos 1,2 tonelada em Itajaí (SC) e 1,3 tonelada no Guarujá (SP), além de US$ 7,2 milhões e R$ 2 milhões.

Na ocasião, a Polícia Federal chegou ao nome de Karine após a apreensão de 968 kg de cocaína e R$ 1 milhão no Guarujá (SP). Em uma casa onde foi encontrada parte da droga, os agentes localizaram documentos falsos com fotos dela, usados para fazer a lavagem de dinheiro.

Além de Karine e Marcelo, a PF identificou outros três integrantes do mesmo núcleo durante investigações da Operação Alba Vírus. Eles tiveram a prisão preventiva decretada. O juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos condenou o casal em 23 de setembro de 2020.

Porém, em 2 de agosto de 2021, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), substituiu a preventiva de Karine por prisão domiciliar porque à época ela tinha dois filhos menores: uma menina de 5 anos e um menino de 8 anos. A Interpol (Polícia Internacional) está agora à procura da "Família Busca Pó".