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PCC matou 5 integrantes da milícia 'Pés de Pato' em SP, diz polícia
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Investigações da Polícia Civil apontam que o PCC (Primeiro Comando da Capital) e uma milícia conhecida como "Pés de Pato" estão em guerra pelo controle de comunidades em bairros da zona sul paulistana, como Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim São Luís.
O conflito já deixou cinco mortos no período de março a julho deste ano. Testemunhas protegidas disseram às autoridades policiais que o PCC e os "Pés de Pato" brigam pela hegemonia da administração do "gatonet", o fornecimento ilegal do sinal de TV por assinatura nas favelas da região. Os depoimentos sinalizam que São Paulo, além de facção criminosa, agora também tem milícia.
O caso veio à tona após as investigações do assassinato de Manoel Paulo da Silva Júnior, 41, o Cabeça Seca ou Juninho, morto pelo PCC em 30 de junho deste ano, no Jardim São Luís. Ele era apontado como o chefe do "gatonet" e também dos "Pés de Pato" na região do Campo Limpo.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) ouviu as testemunhas protegidas e apurou que Juninho havia assumido o posto em 28 de março de 2022, quando o então chefe da milícia, o ex-cabo da PM Fabiano Donisete Rogério Bueno, 46, foi morto com 17 tiros no Campo Limpo.
Juninho começou a causar descontentamento com o PCC não apenas por querer a hegemonia do "gatonet", mas por proibir a facção de montar pontos de vendas de drogas (biqueiras) e de realizar bailes funks nas comunidades e não permitir que adolescentes usassem cocaína e maconha nas favelas.
Emboscada
Segundo as testemunhas protegidas, o PCC decidiu matá-lo e quem o atraiu para uma emboscada foi Paula Ribeiro Bueno, 30, justamente a viúva do ex-PM Bueno. Ela teve um relacionamento com um integrante do PCC e foi acusada de convencer Juninho a se reunir com um chefe da facção.
O encontro aconteceu em 30 de junho em um shopping na avenida Guarapiranga, Vila Socorro, e teria sido marcado por Luiz Carlos Moreno do Carmo, 37, o Cirilo, apontado pela Polícia Civil como o "disciplina" (líder) do PCC no Jardim São Luís.
As testemunhas disseram que Cirilo foi batizado no PCC em março, após participar do assassinato do ex-PM Bueno. Contaram ainda que a área administrada por Cirilo no "gatonet" era bem maior do que a de Juninho e envolvia o Jardim Olinda, Valo Velho, Jardim Ipê, entre outros bairros.
De acordo com as investigações do DHPP, Juninho ficou desconfiado e foi ao encontro com um policial militar identificado apenas como Wellington, responsável pela segurança dele. O PM, no entanto, foi embora logo em seguida.
Ainda segundo a apuração, meia hora depois, Juninho sofreu a emboscada fatal na avenida Guarapiranga. Os disparos feriram com gravidade um estudante de 23 anos. Ele estava em uma moto e aguardava a abertura do semáforo. A vítima foi atingida na região lombar e ficou tetraplégica.
Milícia nas favelas
Além da viúva do ex-PM e de Cirilo, o DHPP identificou outras dez pessoas acusadas de envolvimento no assassinato de Juninho. A juíza Isabel Begalli Rodriguez, da 3ª Vara do Júri da Capital, aceitou no dia 17 de novembro a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra os 12 suspeitos. Eles viraram réus.
A magistrada também decretou a prisão preventiva de todos eles e expediu mandados de busca e apreensão nos endereços dos acusados. Apenas quatro dos 12 réus foram presos. Paula está entre os detidos. O mandado de prisão contra Cirilo não foi cumprido. Ele consta como procurado.
Assista a série documental "PCC - Primeiro Cartel da Capital" no Youtube de MOV.doc
Os agentes do DHPP apuraram que assim como Juninho e o ex-PM Bueno, o PCC também matou outros três homens acusados de integrar a milícia dos "Pés de Pato". Um deles é o segurança David Oliveira Pereira, 26. Ele foi assassinado com 20 tiros no Campo Limpo em 5 de maio deste ano.
O manobrista Lucimar Mendonça Rocha, 46, é outra vítima. Foi morto a tiros durante um churrasco em uma adega no Campo Limpo em 25 de maio de 2022. Manoel Gonçalves Ribeiro, 49, segurança de um supermercado, foi assassinado com mais de 20 tiros no Jardim São Luís em 28 de julho deste ano.
Na linguagem policial, "pé de pato" é um termo usado para designar justiceiros. Para a Polícia Civil há indícios de que os "Pés de Pato" da zona sul criaram milícia formada por ex-PM, PMs e seguranças para dominar e explorar as comunidades da região, como ocorre no Rio de Janeiro.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Paula Ribeiro Bueno e Luiz Carlos Moreno do Carmo, mas publicará a versão dos defensores deles assim que houver um posicionamento.
Em petição judicial, o defensor de Luiz Carlos afirmou que o cliente já esteve envolvido no trabalho clandestino de "gatonet", mas que há mais de três anos não exerce essa atividade e atualmente atua na construção de pequenas residências e locação de salão para festas e casamentos.
Segundo o advogado alegou nas petições, Luiz Carlos não é integrante do crime organizado; é inocente de todas as acusações; serviu nas Forças Armadas, sendo ex-militar; é filho de policial militar aposentado e foi criado nas mais rígidas regras familiares.
Já o defensor de Paula argumenta em petições judiciais que a cliente é inocente, não tem antecedentes criminais e que as acusações contra ela se baseiam apenas em depoimentos de achismos.
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