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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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MP português denuncia 18 aliados de 'Escobar brasileiro' por narcotráfico

 Sérgio Roberto de Carvalho, 63, conhecido como "Escobar brasileiro" - Reprodução
Sérgio Roberto de Carvalho, 63, conhecido como "Escobar brasileiro" Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

18/02/2023 04h00

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O empresário português Ruben Alexandre Vieira Oliveira, 39, o Xuxas, viajou quatro vezes para o Brasil para negociar a importação de toneladas de cocaína para a Europa antes de ser preso pela Polícia Judiciária de Portugal, em 27 de junho do ano passado.

No último dia 14, o Ministério Público de Portugal denunciou ele e outros 17 comparsas ligados ao Major Carvalho pelos crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Entre os acusados, 16 são portugueses, um é angolano e outro indiano.

Xuxas era apontado pela Justiça portuguesa como o braço direito na Europa do ex-major da PM de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 64, conhecido como Major Carvalho e "Escobar brasileiro".

As datas das viagens de Xuxas ao Brasil:

  • 28 de janeiro de 2019;
  • 9 de dezembro de 2019;
  • 4 de setembro de 2020;
  • 11 de janeiro de 2021.

O Major Carvalho foi preso em Budapeste, na Hungria, seis dias antes de Xuxas. O "Escobar brasileiro" é acusado de coordenado a exportação de 45 toneladas de cocaína para a Europa, avaliadas em R$ 2,25 bilhões entre 2017 e 2022. O governo brasileiro já pediu a extradição dele.

Também no último dia 14, o Major Carvalho foi alvo de novo mandado de prisão. Ele é acusado de ser o dono de 350 kg de cocaína escondidos em chapas de granito em Cachoeira do Itapemirim (ES) em outubro de 2021 e de 892 kg da droga apreendidos em Santos, em abril de 2022.

Segundo o Ministério Público português, Xuxas era o líder da quadrilha de Carvalho na Europa. As investigações apontaram que o empresário fundou uma organização criminosa para importar grandes quantidades de cocaína da América do Sul.

Considerado o "padrinho do tráfico", Xuxas tem tatuado no corpo imagens de dois barões mundiais da droga: Pablo Escobar, fundador do Cartel de Medellín, na Colômbia, e Joaquin Guzman, ex-chefe do Cartel de Sinaloa, no México.

Xuxas mantinha estreita relação com o "Escobar brasileiro". O empresário português também tinha a missão de contratar narcotraficantes em outros países e ainda era o responsável pela quantidade de droga a ser exportada e pelos locais de destino da cocaína.

Condenação e bloqueio de bens

Os comparsas dele começaram a integrar a organização criminosa no início de 2020. Dércio Vieira de Oliveira, 31, irmão de Xuxas, também foi cooptado pela quadrilha e recrutou um comparsa para prestar serviço ao bando no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

Também foram integrados ao grupo criminoso o estivador Paulo Miguel da Silva Campos Joaquim, 50, do Porto de Setúbal, e Luís Miguel Gomes Gonçalves, 40, que mantinha contato com alguns funcionários do Porto de Leixões.

Segundo o Ministério Público português, o empresário indiano Gusvinder Singh, 32, era proprietário da Happy Selection Unipessoal Ltda e contava com a ajuda de uma empresa de frutas do Brasil para importar a cocaína escondida em meio às cargas lícitas.

Os nomes de dois sócios da empresa de frutas constam na acusação feita pelo Ministério Público português. Ambos são brasileiros. Eles criaram a companhia em 5 de março de 2020 e viajaram para Portugal no mesmo ano, entre 28 de fevereiro e 21 de março.

A Procuradoria da República de Portugal pediu à Justiça daquele país a condenação dos 18 comparsas do "Escobar brasileiro" e também o bloqueio dos bens de todos os envolvidos no esquema.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Xuxas, Dércio, Paulo Miguel e Luís Miguel, mas publicará a versão dos defensores deles na íntegra, caso haja uma manifestação.