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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Brasileiras presas na Alemanha estão isoladas e vivem drama, diz advogada

Kátyna Baía e Jeanne Paolini, que viajavam de férias, e foram presas injustamente na Alemanha - Arquivo pessoal
Kátyna Baía e Jeanne Paolini, que viajavam de férias, e foram presas injustamente na Alemanha Imagem: Arquivo pessoal

Colunista do UOL

07/04/2023 04h00Atualizada em 07/04/2023 10h30

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A disciplina é rígida no presídio feminino de Frankfurt, na Alemanha, onde a veterinária Jeanne Paolini, 40, e a namorada, a empresária Kátyna Baía, 44, estão confinadas desde 5 de março sob a acusação de tráfico internacional de drogas.

As brasileiras de Goiás tiveram as etiquetas das malas trocadas e colocadas em outras duas bagagens contendo 40 kg de cocaína por funcionários terceirizados no aeroporto internacional de São Paulo e acabaram presas logo após o desembarque no aeroporto de Frankfurt.

Luna Provázio Lara de Almeida, advogada de Jeanne e Kátyna, disse à reportagem que as brasileiras enfrentam um pesadelo na prisão, já emagreceram, estão assustadas e com muito medo, pois são inocentes e convivem em unidade ocupada por criminosas de várias partes do mundo.

A penitenciária abriga mulheres condenadas e detentas com prisão preventiva, como é o caso de Jeanne e Kátyna. As regras disciplinares em Frankfurt não são muito diferentes das aplicadas nas prisões do Brasil, nas quais vigoram o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), um sistema de castigo.

No RDD brasileiro, a população carcerária fica isolada em cela individual, não tem acesso a rádio e televisão e o banho de sol diário é no máximo de duas horas. As visitas acontecem uma vez por semana e não há contato físico entre presos e visitantes.

Presídio feminino de Frankfurt, na Alemanha, onde estão detidas a veterinária Jeanne Paolini e a empresária Kátyna Baía - Reprodução - Reprodução
Presídio feminino de Frankfurt, na Alemanha, onde estão detidas a veterinária Jeanne Paolini e a empresária Kátyna Baía
Imagem: Reprodução

Isolamento total

A veterinária e a empresária estão isoladas em cela individual, sem rádio nem TV. Ambas não falam alemão, apenas o inglês básico. O xadrez tem oito metros quadrados e uma janela no alto da parede. Há colchão, mesa, cadeira, vaso sanitário e pia. Na porta de ferro tem um olho mágico para o quadro de funcionários vigiar as presas.

O banho de sol não é rotineiro. As presas não saem para o pátio todos os dias. As refeições são servidas na cela. O horário do café da manhã é às 6h, o almoço das 12h às 13h e o jantar às 17h. Presas preventivamente podem receber visita às segundas e sextas-feiras.

A diferença entre a prisão feminina alemã e o RDD no Brasil é a que, na unidade de Frankfurt, as presas podem telefonar pelo menos uma vez por dia para a família e advogados. Luna Almeida contou que já falou cerca de 20 vezes com as duas brasileiras.

Luna Almeida afirmou também que até ontem a Polícia Federal havia prendido sete pessoas envolvidas na troca das etiquetas e no esquema de tráfico internacional de drogas no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Provar a inocência

A advogada afirmou que a PF está empenhada em provar à Justiça de Frankfurt a inocência de Jeanne e Kátyna e já enviou às autoridades alemãs fotos e vídeos com imagens das malas das brasileiras e parte do inquérito que aponta o envolvimento da quadrilha presa na troca das etiquetas.

Jeanne e Kátyna estavam em férias e pretendiam viajar durante 20 dias pela Europa. Elas embarcaram no aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Ambas fizeram uma conexão em Guarulhos e seguiram para a Alemanha. O destino era Berlim. Mas em Frankfurt foi feita outra conexão.

Não é a primeira vez que a Polícia Federal prende funcionários terceirizados no aeroporto de Guarulhos envolvidos em tráfico internacional de drogas. Em julho de 2022, a Justiça Federal expediu 23 mandados de prisão preventiva.

Na ocasião, a operação da PF contra os narcotraficantes foi deflagrada em Guarulhos, Sorocaba, Praia Grande e Lisboa. Os suspeitos tinham acesso à pista do terminal, onde colocavam as malas cheias de drogas no porão das aeronaves, sem passar pelo sistema de raio-x.