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Mafioso italiano negociou armas de guerra com o PCC em troca de cocaína
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O italiano Rocco Morabito, 56, da máfia calabresa Ndrangheta, negociou uma entrega de armas de guerra com o PCC (Primeiro Comando da Capital) como forma de pagamento pelos carregamentos de cocaína enviados à Europa pela facção paulista via portos brasileiros.
A informação foi divulgada nessa quarta-feira (3) pela Europol (Polícia Europeia) durante deflagração da operação Eureka, desencadeada para combater o tráfico internacional de drogas no Velho Continente coordenado pela Ndrangueta, um dos grupos criminosos mais poderosos do mundo.
A ação envolveu policiais de dez países, inclusive do Brasil e resultou na prisão de 132 suspeitos, a maioria na Itália e na Alemanha. A organização criminosa usava restaurantes como fachada para lavagem de dinheiro. Em Portugal foi preso o empresário italiano Domênico Giorgi, 62.
Na denúncia do Ministério Público italiano, o procurador Giovanni Bombardieri, de Reggio Calábria, menciona que Rocco Morabitto negociou o embarque para o Brasil de um contêiner cheio de armamento de guerra procedente de países da antiga União Soviética.
Segundo o procurador, as armas pertenciam a um grupo terrorista do Paquistão, no Sul da Ásia, e tinham como destino narcotraficantes do PCC. As negociações do arsenal ocorreram quando o mafioso estava foragido no Brasil. Até hoje a Ndrangheta é aliada à facção paulista.
Presos na Paraíba
Rocco Morabito e o parceiro Vincenzo Pasquino, 32, foram presos por policiais federais em 24 de maio de 2021, no flat Ecco Summer, na praia de Tambaú, em João Pessoa, na Paraíba, Segundo a PF, Morabito é condenado a 103 anos e a polícia italiana o procurava desde 1995.
O mafioso foi extraditado para a Itália em julho do ano passado. Documentos da Interpol (Polícia Internacional), mostram que ele tinha quatro condenações naquele país, sendo duas de 22 anos, uma de 30 anos e outra de 29 anos. Segundo a documentação, as penas foram unificadas em 30 anos.
Contra Morabito havia um mandado de prisão expedido em 13 de agosto de 2008 e outro em 8 de julho de 2013. As condenações ocorreram pelas Cortes de Apelação da Calábria, em 10 de junho de 2005; Milão, em 5 de julho de 2001; Palermo, em 11 de março de 2000; e Milão, em 30 de abril de 1999.
O Escritório Central da Interpol em Roma incluiu o nome dele na difusão vermelha em 21 de junho de 1995. De acordo com a polícia italiana, a função de Rocco na máfia era organizar as importações de centenas de quilos de cocaína da América do Sul para distribuição na Europa.
Aliado a André do Rap
Morabito chegou a montar um escritório no Itaim Bibi, zona sul paulistana, junto com o sobrinho dele, Francesco Sculli, e o jordaniano Waleed Issa Kmayis, que já passou pela Casa de Detenção, no Carandiru, e atualmente está preso na Turquia. O bando tentou enviar 600 kg de cocaína para a Europa pelo porto de Fortaleza (CE), em julho de 1992.
Em 2017, o mafioso, conhecido como "rei da cocaína de Milão", foi capturado no Uruguai, mas fugiu da prisão dois anos depois. As suspeitas são de que ele estava escondido no Brasil desde 2019 e que já havia passado pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraíba.
Rocco Morabito e o comparsa capturado na Paraíba não foram os únicos integrantes da Ndrangheta presos no Brasil. Em 8 de julho de 2019, a PF prendeu em um prédio na Praia Grande (SP), Nicola Assisi e o filho dele, Patrick Assisi, e apreendeu na cobertura um passaporte em nome de Vicenzo Pasquino.
Segundo a PF, os Assisi, Rocco Morabito e Pasquino tinham envolvimento com o narcotraficante brasileiro André Oliveira Macedo, o André do Rap, ligado ao PCC e foragido da Justiça desde 10 de outubro de 2020.
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