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Quem é Magrelo, criador da facção que desafia o PCC no interior paulista
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Dono de extensa ficha criminal, Anderson Ricardo de Menezes, 48, o Magrelo, criador e líder de um grupo rival ao PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de Rio Claro (SP), é procurado pelas polícias em todo o estado de São Paulo e também na fronteira do Brasil com o Paraguai.
O criminoso já cumpriu pena por roubo, respondeu a processos por tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa, tráfico de drogas, e foi alvo da Operação Carro Falso, deflagrada em 2014 pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) contra ladrões e receptadores de veículos furtados.
No mês passado, ele e mais oito comparsas foram denunciados por promotores de Justiça de Piracicaba (SP) pelos crimes de organização criminosa e associação ao tráfico de drogas. Magrelo teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas conseguiu escapar ao cerco policial na última quarta-feira.
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Anderson Ricardo de Menezes, mas publicará a versão deles assim que houver uma manifestação.
O Núcleo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Piracicaba, subordinado ao MP-SP, classifica Magrelo como "um criminoso de altíssima periculosidade, que não tolera desaforo de ninguém, nem mesmo de parceiros da própria quadrilha".
Uma prova disso aconteceu em 26 de fevereiro de 1995, quando Magrelo tinha apenas 20 anos. Ele discutiu com um desafeto e o golpeou várias vezes com um canivete. A vítima passou por cirurgia e ficou com sequelas. A mãe do rapaz esfaqueado tentou ajudar o filho e também acabou ferida.
Investigado por homicídios
Magrelo é suspeito de ser o mandante de vários homicídios em Rio Claro. O município registrou 33 assassinatos apenas no ano passado. Segundo o MP-SP, o grupo dele tem um poder bélico superior ao PCC na região e usa fuzis para matar os rivais e assim garantir a hegemonia do tráfico de drogas local.
O Gaeco e a Polícia Civil de Rio Claro apuraram que o grupo rival do PCC coloca rastreador no carro dos inimigos para segui-los e assassiná-los em lugares apropriados para não deixar vestígios. Os veículos utilizados nas matanças geralmente são queimados.
Foi assim que a quadrilha matou em 17 de outubro de 2021 Alessandro de Arruda, o Lê Boquinha, integrante do PCC. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontaram o envolvimento de dois aliados de Magrelo na emboscada e assassinato da vítima.
Outro alvo foi o narcotraficante Juliano Gimenes Medina, 40, morto com ao menos 30 tiros em uma estrada vicinal de São Pedro em 8 de junho de 2022. Ele era de Ponta Porã (MS) e trazia maconha e cocaína do Paraguai para São Paulo. Foi assassinado na disputa pelo tráfico de drogas.
A coluna apurou que, em 6 de junho de 2004, Magrelo foi denunciado pelo MP-SP com outros 18 réus por tráfico de drogas. Um dos acusados é integrante do PCC e foi condenado a 39 anos e seis meses de prisão pelo assassinato de um diretor de presídio de Mauá (SP), em janeiro de 2007.
Ascensão no crime
Segundo investigações do Gaeco de Piracicaba, foi a partir da anulação da Operação Carro Falso que Magrelo se safou de ser preso, teve "ascensão" no mundo do crime, ficou rico e temido na região. Foi de um condomínio de luxo em Ipeúna, onde morava, que escapou ao recente cerco policial.
Na denúncia do MP-SP oferecida contra ele em abril, consta a seguinte observação: "Anderson Ricardo de Menezes evoluiu na criminalidade e hoje ostenta alto padrão financeiro, residindo em condomínio fechado e frequentando ambientes da alta sociedade rio-clarense".
O documento diz ainda que "lamentavelmente o acesso de Anderson Ricardo de Menezes em meios públicos é enorme, principalmente no meio policial, o que dificulta sobremaneira a realização de qualquer trabalho de investigação em seu desfavor".
Além da prisão de preventiva de Magrelo e de seus oito comparsas, a Justiça também determinou o sequestro de bens do grupo rival do PCC no valor de R$ 12,5 milhões.
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