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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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SP quer ladrão de R$ 130 milhões em presídio federal para evitar resgate

Márcio Geraldo Alves Ferreira,o Buda, acusado de participar do assalto a banco em Cricíúma (SC) - Reprodução
Márcio Geraldo Alves Ferreira,o Buda, acusado de participar do assalto a banco em Cricíúma (SC) Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

21/06/2023 13h41Atualizada em 21/06/2023 16h38

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A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) pediu à Justiça a transferência de Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), para um presídio federal para evitar o possível resgate dele e de outros comparsas presos na unidade.

Buda é apontado pela Polícia Federal e Polícia Civil de São Paulo como um dos maiores ladrões de banco do país, ligado ao grupo conhecido como 'novo cangaço" e autor do roubo de R$ 130 milhões do Banco do Brasil de Criciúma (SC) na madrugada de 1º de dezembro de 2020. Ele foi preso dois dias depois em Gramado (RS).

O serviço de inteligência da SAP apurou que no mês passado criminosos se reuniram no bairro do Capão Redondo, zona sul paulistana, para articular o plano de resgate de presos da P-2 de Presidente Venceslau, incluindo Buda e seus parceiros do "novo cangaço".

O grupo já estaria com fuzis, metralhadoras, pistolas, munição, explosivos e veículos blindados. Os integrantes do bando se deslocariam para a cidade de Santo Anastácio, onde cuidariam da logística para poder executar a ação de resgate.

Os agentes do serviço de inteligência apuraram ainda que a quadrilha pretendia atuar em três frentes: Uma parte atacaria o CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior-8), em Presidente Prudente, onde se concentra o maior efetivo de policiais militares na região.

Outra parte investiria contra as forças policiais de Presidente Venceslau. Já o terceiro grupo, formado por um número maior de criminosos, invadiria a Penitenciária 2 da cidade, usando explosivos e armamento pesado para concretizar o resgate.

No mesmo dia da reunião do bando no bairro de Capão Redondo, prisioneiros ligados ao "novo cangaço" pediram à direção da P-2 de Presidente Venceslau para ficaram em um mesmo pavilhão. Essa solicitação aumentou ainda mais a suspeita de arrebatamento de presos na unidade.

As investigações apontam que os envolvidos na ação de resgate já teriam recebido inclusive o pagamento para por o plano em prática. Os presos do "novo cangaço" também teriam disponibilizado à quadrilha todos os meios necessários, especialmente em relação às armas e veículos blindados.

Resgate de Marcola

Segundo a SAP, Buda é um criminoso de altíssima periculosidade, já se envolveu em diversos assaltos violentos com emprego de armamento pesado e foi acusado de encomendar a morte de policiais civis e militares em São Paulo a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital).

21.jan.2020 - Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC - Sérgio Lima/AFP - Sérgio Lima/AFP
21.jan.2020 - Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC
Imagem: Sérgio Lima/AFP

Ainda conforme a SAP, no prontuário de Buda constam informações sobre o envolvimento dele na tentativa de resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em meados de 2014, na P-2 de Presidente Venceslau.

Além de Marcola também seriam resgatados na ocasião Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo Marcondes Machado de Barros, o Du da Bela Vista. Todos acabaram removidos para presídios federais.

Para a SAP, apesar de a P-2 de Presidente Venceslau ser considerada de segurança máximo, a presença de Buda na unidade representa um perigo ao estabelecimento prisional e à coletividade, por se tratar de integrante ativo de organização criminosa, capaz de movimentar criminosos nas ruas. O pedido da pasta ainda está em análise pela Justiça, mas deve ser deferido.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Buda, mas publicará na íntegra a versão dos defensores dele assim que houver uma manifestação.