Josmar Jozino

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Reportagem

Cabo suspeito por furto de armas do Exército ficou 24 horas desaparecido

Quando soube que poderia ter a prisão preventiva decretada, o cabo Vagner da Silva Tandu, do Exército, apontado pela própria instituição como suspeito de envolvimento no furto de 21 metralhadoras do arsenal de guerra de Barueri, na Grande São Paulo, ficou desaparecido durante 24 horas.

Tandu só retornou ao quartel na sexta-feira (27) apresentando um atestado médico e alegando estar em tratamento psiquiátrico. E fez isso para tentar evitar um processo administrativo. O Exército, porém, pediu a prisão preventiva dele e de outros cinco militares. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Tandu, mas publicará na íntegra em caso de manifestação.

Cabo Vagner da Silva Tandu, do Exército, apontado de envolvimento no furto de 21 metralhadoras
Cabo Vagner da Silva Tandu, do Exército, apontado de envolvimento no furto de 21 metralhadoras Imagem: Reprodução

Até a conclusão desta reportagem, a Justiça Militar não havia decretado as prisões. Além desses seis miliares, outros 13 também devem ser punidos administrativamente por falha na fiscalização do armamento.

Segundo o Exército, Tandu era motorista do tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. O oficial era diretor do arsenal de guerra, mas acabou exonerado logo após o escândalo do sumiço das armas. O coronel Mário Victor Braga Júnior foi nomeado para ocupar o cargo dele.

Um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para apurar as circunstâncias do furto. As investigações apontam que o cabo foi quem transportou as armas do arsenal, em veículo do Exército, até as mãos de criminosos.

Os investigadores apuraram que o cabo contou com a ajuda dos outros cinco militares. Eles cortaram intencionalmente a luz do depósito onde estava o armamento e com isso as câmeras de segurança ficaram desligadas. Depois romperam um lacre no local e colocaram as metralhadoras no veículo oficial.

A perícia encontrou impressões digitais de Tandu no depósito de armas. O Exército informou que o cabo não tinha autorização para entrar lá. Os responsáveis pelo IPM acreditam que Tandu se aproveitou do "livre acesso" porque era homem de confiança do diretor. Rivelino não é investigado.

Criminoso grava vídeo com as armas furtadas

A reportagem teve acesso a um vídeo obtido pela polícia paulista, mostrando parte das armas furtadas em poder de criminosos. As imagens mostram metralhadoras e um fuzil. Um homem questiona a um outro, a quem chama de "Capixaba", ainda não identificado, como o armamento foi parar ali.

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A Polícia Civil acredita que o traficante de drogas Messias Barbosa de Pádua, 60, o Velho, e o comparsa Alexandre Cardoso, 41, o Gordo, intermediaram a venda das armas para um ladrão de bancos e carros-fortes, mas o criminoso recusou por causa do péssimo estado de conservação.

Polícia Civil de SP recuperou 9 armas das 21 armas furtadas do Exército
Polícia Civil de SP recuperou 9 armas das 21 armas furtadas do Exército Imagem: Reprodução/X @DerriteSP

A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Messias Barbosa de Pádua e Alexandre Cardoso. O espaço continua aberto para manifestações.

Das 21 metralhadoras furtadas, 13 eram de calibre 50, capazes de derrubar aeronaves e perfurar blindados, e outras oito de calibre 7,62. Oito armas foram encontradas no bairro Gardênia, zona oeste do Rio de Janeiro, e foram deixadas em um veículo por integrantes do CV (Comando Vermelho).

Em São Roque, no interior paulista, foram recuperadas mais nove metralhadoras. O secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que o armamento iria para criminosos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Nas duas apreensões - em São Paulo e no Rio de Janeiro - ninguém foi preso e os detalhes de como os policiais dos dois estados chegaram ao armamento não foram revelados. Até ontem à noite (28), as quatro metralhadoras restantes ainda não tinham sido recuperadas.

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