Josmar Jozino

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Guerra no PCC vai culminar na criação de outra facção em SP, dizem agentes

O racha histórico no PCC (Primeiro Comando da Capital) envolvendo o líder máximo Marco Willians Herbas Camacho, 56, e os novos rivais da cúpula da facção vai dar surgimento a uma nova facção criminosa nos presídios de São Paulo, preveem fontes carcerárias.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Marcola tornou-se inimigo declarado de Roberto Soriano, 50, o Tiriça, de Abel Pacheco de Andrade, 49, o Vida Loka, e de Wanderson Nilton de Paulo Lima, 45, o Andinho.

Fontes do sistema prisional afirmaram à reportagem que a "guerra" no PCC é real, vai deixar baixas nas ruas e nos presídios de São Paulo e talvez do Brasil. Elas afirmaram ainda que, com esse racha, a criação de outra facção criminosa por um dos lados, principalmente o perdedor, será inevitável.

As fontes não arriscaram opinar se o lado vencedor será o de Marcola ou o de Tiriça, mas foram categóricas em dizer que um dos grupos oponentes acabará criando outra organização criminosa para conseguir sobreviver e reunir o maior número de adeptos para combater os rivais.

A história do PCC mostra que isso aconteceu em 2002. Foi quando Marcola assumiu o comando do grupo e expulsou José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, dois dos oito fundadores da facção, criada em 31 de agosto de 1993, na Casa de Custódia de Taubaté (SP).

Dezenas de aliados de Geleião e Cesinha, acusados por traição, foram mortos nas prisões e nas ruas de São Paulo. Os dois fundadores chegaram a ser transferidos para uma unidade prisional destinada exclusivamente a autores de crimes sexuais, como estupradores, para não serem mortos.

Jurados de morte pelos ex-comparsas do PCC, Geleião e Cesinha criaram uma organização criminosa rival: O TCC (Terceiro Comando da Capital). A facção, no entanto, não conseguiu reunir muitos adeptos e, atualmente, está praticamente extinta.

Conflito atual começou com áudio vazado

O desentendimento entre Marcola e os novos rivais começou em agosto do ano passado, após o vazamento de uma conversa entre Marcola e um agente penal da Penitenciária Federal de Porto Velho, na qual ele chama Tiriça de psicopata.

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O diálogo acabou gravado e foi usado por promotores de Justiça no júri de Tiriça, acusado de mandar matar a psicóloga Melissa de Almeida Araújo. Ela trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi morta a tiros em maio de 2017, na cidade vizinha de Cascavel.

O Tribunal do Júri do Paraná considerou Tiriça culpado pelo assassinato e o condenou a 31 anos e seis meses. Ainda segundo o MP-SP, após a condenação, ele chamou Marcola de delator e ganhou o apoio de Vida Loka e Andinho. Os três expulsaram Marcola do PCC e decretaram sua morte.

Em contrapartida, aliados de Marcola divulgaram um "salve" (comunicado), informando que ele não delatou ninguém, não fez nada errado e foi vítima de calúnia e traição. A "sintonia final" da facção anunciou a expulsão de Tiriça, Vida Loka e Andinho e também decretou a morte dos três.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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