Josmar Jozino

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Reportagem

Morador de rua vendia droga a 50m do 77º DP em SP; foi condenado a 9 anos

A Justiça de São Paulo condenou o morador em situação de rua Robson Augusto de Albuquerque, 47, a 9 anos e 11 meses de prisão por tráfico de drogas. Segundo investigações, ele vendia cocaína e crack a 50 metros do 77º Distrito Policial (Santa Cecília) no centro da capital.

O julgamento aconteceu na última quarta-feira (24). Na sentença, a juíza Cynthia Maria Sabino Bezerra Camurri, da 8ª Vara Criminal, escreveu que "o réu praticou o delito a 50 metros de uma unidade policial (delegacia) o que denota a completa convicção de impunidade".

A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Robson, mas o espaço continua aberto para manifestação. O texto será atualizado caso haja um posicionamento do defensor dele.

Em 8 de janeiro deste ano, Robson foi flagrado por dois investigadores do 77º DP portando 0,1g de crack e 6,56 g de cocaína. Ele estava parado nas imediações da delegacia quando foi abordado. Perto dele, os policiais disseram ter achado mais 15 porções de cocaína escondidas em um buraco.

Com o acusado, os agentes afirmaram ter apreendido R$ 30,00 em cédulas diversas, além de dois aparelhos de telefone celular. Ao ser interrogado no distrito policial, Robson alegou que era morador de rua e que a droga encontrada com ele era para consumo próprio.

Alegou ser usuário e não traficante

Durante a abordagem, o preso disse aos policiais que não era integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que tinha problemas com a facção criminosa. Contou ainda que carregava apenas duas pedras de crack porque era usuário e havia comprado a droga na cracolândia.

Em juízo, ele insistiu em dizer que não estava vendendo drogas, mas apenas consumindo. Negou várias vezes ser o dono das 15 porções de cocaína apresentadas na delegacia. Para a magistrada, os "policiais forneceram relatos robustos e coerentes com aqueles prestados em sede extrajudicial".

A juíza Cynthia Camurri observou que o réu é multirreincidente, estava em liberdade condicional, já foi condenado por roubo, furto e tráfico de drogas, vendia cocaína a 50 metros da delegacia e, por causa dos péssimos antecedentes, aumentou a pena dele em mais um sexto.

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Extensa ficha criminal

A ficha criminal de Robson é extensa. Ele já passou pelos CDPs (Centros de Detenção Provisória) 1 e 2 do Belém, na zona leste paulistana, e CDPs 2 e 3 de Pinheiros, na zona oeste. Também chegou a ser detido em outras ocasiões no 77º DP, em Santa Cecília, bairro onde foi acusado de vender drogas.

O boletim carcerário do réu aponta ainda que ele ficou preso em unidades destinadas a integrantes do PCC. Robson cumpriu pena nas penitenciárias de Parelheiros, zona sul de São Paulo, e Pirajuí 2, Balbinos, Reginópolis e Mirandópolis 1, no interior do estado.

O presidiário cometeu faltas graves no sistema prisional e em ao menos três oportunidades deixou de retornar ao presídio de origem após ser beneficiado com a saída temporária. Isso aconteceu em abril de 2011 (saída de Páscoa) e em outubro de 2014 e outubro de 2018 (Dia das Crianças).

Um agente do CDP onde Robson estava recolhido disse que enquanto o morador em situação de rua foi condenado a quase 10 anos por portar 15 porções de droga, megatraficantes do PCC acusados de enviar toneladas de cocaína para a Europa foram soltos pela Justiça e saíram pela porta da frente da prisão.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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