Justiça bloqueia R$ 9,8 bilhões em contas ligadas ao PCC em 4 meses em SP
A Justiça bloqueou R$ 9,8 bilhões em contas e bens vinculados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) em cinco operações desencadeadas em São Paulo pelas Polícias Civil, Militar e Federal e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) nos últimos quatro meses.
Os valores astronômicos indicam a evolução financeira da maior facção criminosa do país nas últimas décadas e preocupa as autoridades. Em 2006, a Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) calculavam em R$ 3,1 milhões as movimentações suspeitas do PCC.
As quatro operações desencadeadas em São Paulo foram deflagradas no período de abril a agosto deste ano na capital paulista e em diversas cidades do estado para combater a lavagem de dinheiro, a infiltração do PCC em prefeituras municipais e o financiamento de campanhas políticas.
Em apenas uma delas, a Decurio, deflagrada em 6 de agosto pela Polícia Civil de Mogi das Cruzes, a Justiça bloqueou R$ 8 bilhões das contas de 20 suspeitos. Líderes do PCC como Décio Gouveia Luís, o Décio Português, e Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, tiveram a prisão decretada.
Ambos estão foragidos. Ao menos 13 pessoas suspeitas de ligação com o PCC foram presas. Segundo as investigações, a organização planejava se infiltrar nas eleições municipais, lançando candidatos para disputar cargos em várias cidades, como informou esta coluna em 6 de agosto deste ano.
Sócios de bancos presos
No último dia 28, a Polícia Federal, Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal) desencadearam a Operação Concierge. Foram presas 14 pessoas e cumpridos mandados de busca e apreensão em 15 cidades de São Paulo e Minas Gerais.
A Polícia Federal informou que a quadrilha movimentou R$ 7,5 bilhões em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, criando bancos digitais não autorizados pelo Banco Central para pôr em prática as fraudes financeiras. Entre os presos estão sócios desses bancos.
A Justiça autorizou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Os agentes afirmaram que há indícios de que um dos bancos digitais envolvidos no esquema tenha atuado para blindar o dinheiro do tráfico de drogas do PCC.
Fraudes e lavagem de dinheiro
Em 23 de agosto, a Polícia Civil realizou a quinta fase da Operação Downtown na capital paulista, em Guarulhos (SP), no Guarujá (SP), em Londrina (PR) e Chuí (RS). Foram detectadas 41 contas suspeitas de envolvimento com o PCC. O bloqueio atinge R$ 150 milhões.
Já uma ação conjunta do Gaeco e da Polícia Militar de São Paulo desarticulou, em 16 de abril deste ano, um esquema de fraudes em licitações perpetradas por integrantes do PCC em Prefeituras e Câmaras Municipais. A fraude se estendia por 17 cidades e também na capital.
Foram presas 13 pessoas, sendo três vereadores. Os suspeitos simulavam concorrência com pessoas jurídicas para obter contratos públicos voltados a serviços de facilities, em especial os de mão de obra para limpeza e postos de fiscalização. O bloqueio das contas pode chegar a R$ 200 milhões.
Em 9 de abril, o Gaeco, a Polícia Militar e a Receita Federal deflagraram a Operação Fim da Linha para combater os esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos do PCC por meio de duas empresas de ônibus da capital paulista.
Foram expedidos quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão contra 39 pessoas físicas e 13 pessoas jurídicas. Além disso, a Justiça autorizou o arresto, sequestro e bloqueio dos alvos no valor de R$ 600 milhões.
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