Conteúdo publicado há 3 meses
Josmar Jozino

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Reportagem

Prisões paulistas não têm vaga para sobrinho de Marcola, diz governo de SP

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo), subordinada ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), é contra a remoção de Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho, 26, sobrinho da liderança máxima do PCC (Primeiro Comando da Capital), para um presídio paulista.

Leonardo está em uma penitenciária do Ceará e quer ser recambiado para São Paulo para ficar mais perto dos familiares. Ele é filho de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 52, o Marcolinha, e sobrinho de Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, considerado o chefão do PCC.

A Justiça cearense enviou no último dia 21 ofício à SAP, indagando se havia vaga em presídio de segurança máxima em São Paulo para eventual transferência de Leonardo, atualmente recolhido em presídio na região metropolitana de Fortaleza.

A SAP respondeu que a permanência de Leonardo em São Paulo é inviável porque não existe processo em andamento ou condenação a cumprir pelo preso no estado. A secretaria alega ainda que os estabelecimentos prisionais paulistas estão superlotados.

Acusado de ser integrante do PCC, o sobrinho de Marcola foi preso pela Polícia Federal em 24 de abril deste ano, em um condomínio de luxo na cidade de Itajaí, Santa Catarina. O prisioneiro gostaria de ser transferido para São Paulo para ficar mais perto da mãe dele e de outros parentes.

Aproximação familiar

Já com Francisca Alves da Silva, 54, a Preta, mulher de Marcolinha, detida na mesma operação que prendeu o enteado Leonardo, a SAP foi mais benevolente. Ela está recolhida na Penitenciária Feminina de Sant'Ana, na zona norte de São Paulo, desde o último dia 13.

Francisca estava na Penitenciária Feminina de Tupi Paulista (SP), distante 652 km da capital. O ofício 1356/2024, assinado pela diretoria do presídio e encaminhado à Justiça do Ceará, informa que ela foi removida para a Penitenciária de Sant'Ana por motivo de aproximação familiar.

Segundo a Polícia Federal, Leonardo e Francisca são acusados de ter gerenciado os negócios ilícitos do PCC ligados ao jogo do bicho, tráfico de drogas e de armas no Ceará. As investigações da PF afirmam que ambos trabalhavam para Marcolinha, apontado como líder do PCC no Nordeste.

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Além deles, também foram presos Geomar Pereira de Almeida — tido pela Polícia Federal como bicheiro —, a mulher dele e Menesclau de Araújo Souza Júnior, o Coxinha, acusado de gerenciar no Ceará os negócios dos irmãos Herbas Camacho.

Com os suspeitos presos foram apreendidos veículos de luxo, joias, relógios, R$ 100 mil em dinheiro, documentos e telefones celulares. Francisca morou na Argentina e por isso a PF havia pedido a inclusão do nome dela na Difusão Vermelha, da Interpol (Polícia Internacional).

As prisões aconteceram no âmbito da Operação Primma Migratio, deflagrada pelas FICCO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) no Ceará em ação conjunta com a de São Paulo e a Santa Catarina, para desmantelar o núcleo gerencial e logístico do PCC no estado cearense.

Movimentação de R$ 300 milhões

A PF informou que foram identificadas movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 300 milhões nas contas dos investigados. Foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva, 36 mandados de busca e apreensão no CE, SP, SC e MS, além do sequestro de 42 veículos dos investigados.

As investigações duraram dois anos e concluíram que o PCC migrou parte de da estrutura gerencial de São Paulo para implantar no Ceará atividades clandestinas, como o tráfico de drogas e armas, a exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro das atividades ilegais em loteria esportiva.

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Ainda segundo a PF, parte dos R$ 300 milhões movimentados de forma suspeita nos últimos anos seria empregada na corrupção de servidores públicos. Foi decretada também a prisão de dois oficiais da Polícia Militar do Ceará acusados de integrar o núcleo logístico da organização.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos presos na operação da PF, mas o espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado caso haja um posicionamento dos defensores dos suspeitos.

Reportagem

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