Sócio da UPBus é preso em SP; juiz bloqueia R$ 8 bi em bens dos suspeitos
O advogado Ahmed Hassan Saleh, conhecido como Mude, acionista da empresa de ônibus UPBus, foi preso na terça-feira (6) por policiais civis de Mogi das Cruzes, em outra operação contra a maior facção criminosa do Brasil.
A UPBus, investigada por ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), foi alvo da operação Fim da Linha, conduzida pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) em abril deste ano. O presidente da empresa, acusado de lavagem de dinheiro e associação criminosa, foi preso.
Além de Mude, outros 12 investigados também foram presos ontem, temporariamente, por 30 dias. No total, a 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital havia decretado as prisões de 20 suspeitos. Sete continuavam foragidos.
O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello determinou o sequestro de aeronaves, embarcações, veículos e outros bens dos suspeitos no montante de R$ 8.150.476.668,00. Impôs ainda medidas cautelares diversas da prisão contra 12 acusados de envolvimento em lavagem de dinheiro para a facção.
Nomes de criminosos da cúpula do PCC, como Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, outro acionista da UPBus, e Patric Uelinton Salomão, o Forjado, o número 1 da facção em liberdade, estão na lista dos foragidos. Já mulheres de outros chefes da facção criminosa acabaram presas.
Cumpria medidas cautelares
Décio Português já estava com a prisão decretada pelo MP-SP desde a Operação Fim de Linha. A prisão de Mude também tinha sido pedida por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), mas a Justiça negou e impôs medidas cautelares contra ele.
A operação de ontem, batizada de "Decurio", foi deflagrada na capital, em sete municípios da Grande São Paulo, quatro cidades do interior e em outras quatro do litoral paulista. Os policiais cumpriram 60 mandados de busca e apreensão.
Segundo a Polícia Civil de Mogi das Cruzes, os alvos das prisões e dos mandados de busca e apreensão são integrantes do PCC, alguns inclusive exercendo cargos de liderança, como Décio Português e Forjado, acusado de planejar em Curitiba o sequestro do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
As investigações tiveram início em 9 de junho de 2023, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, onde os agentes apreenderam 28 kg de maconha e 8 kg de cocaína na casa da mulher de Anderson Manzini, um preso recolhido na Penitenciária 1 de Avaré, um dos fortes redutos do PCC.
Os agentes apuraram que Manzini é ligado a Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, preso na Penitenciária Federal de Brasília e excluído recentemente do PCC por determinação de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tido como o chefão da organização criminosa.
Na casa da mulher de Manzini, os agentes também encontraram dispositivos eletrônicos e várias cartas escritas pelo preso. Nas correspondências havia nomes de diversos integrantes do PCC presos e em liberdade. Todos foram identificados.
Um dos alvos movimentou R$ 100 milhões
De acordo com a Polícia Civil, os 20 suspeitos que tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada eram interlocutores da mulher de Manzini e montaram "um esquema estruturado para o branqueamento de valores oriundos de diversos crimes, especialmente o tráfico de drogas".
Apenas a família de um dos alvos - diz a polícia - dona de uma rede de restaurantes em Mogi das Cruzes e em Palmas, no Tocantins, movimentou ao menos R$ 100 milhões.
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Quero receberA Polícia Civil de Mogi das Cruzes diz ter identificado um projeto de infiltração de integrantes do PCC em eleições municipais e que a parente de um dos suspeitos que teve a prisão decretada planejava se candidatar ao cargo de vereadora na Grande São Paulo.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos suspeitos presos. O espaço continua aberto para manifestações.
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