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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Prisão de Daniel Silveira: segundo vídeo foi gravado na troca de roupas

Daniel Silveira deixa superintendência da PF - Herculano Barreto Filho/UOL
Daniel Silveira deixa superintendência da PF Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Colunista do UOL

19/02/2021 04h00

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Os bastidores da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) pela Polícia Federal incluem da chegada ilegal de celulares até uma tentativa de despistar os agentes para gravar o segundo vídeo em que atacou os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A coluna apurou que os policiais federais foram mobilizados pouco depois das 18 horas da terça-feira (16) para cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes. A ordem chegou horas depois do vídeo em que Silveira afirmou que sonhava em "agredir" o ministro Edson Fachin.

Assim que identificaram que o deputado estava em sua casa em Petrópolis, os agentes foram cumprir o mandado na região serrana do Rio de Janeiro. Silveira os recebeu e às 23h06 tuitou que estava sendo preso.

Apesar do tuíte, ele recebeu os policiais sem oferecer resistência. Os agentes entraram na casa e ele pediu para trocar de roupas e preparar uma mala. Foi nesse momento, quando foi trocar de roupas no quarto, que ele fez uma live no Facebook para outra vez atacar os ministros do STF.

"Nesse momento, são 23h19, a Polícia Federal está na minha casa. Estão ali na minha sala. Deixei entrar. Anulei as minhas prerrogativas como deputado federal para permitir que eles entrassem para cumprir mandado de prisão expedido pelo Alexandre de Moraes", afirmou o deputado no vídeo, de cerca de dois minutos.

Além dos agentes na casa, a PF estava monitorando a ação do deputado com serviço de inteligência e acompanhando suas redes. Quando souberam da postagem, foram até o quarto do deputado para chamá-lo.

Acomodação na PF

Ao chegar na Superintendência da PF, na zona portuária do Rio, Silveira foi encaminhado para uma sala que funciona como alojamento feminino para as policiais federais. O local foi adaptado rapidamente para recebê-lo. Possui cama e banheiro privativo.

Silveira foi revistado na chegada e deixou o celular com um de seus assessores.

Como ele ficou dois dias preso, a PF precisou estabelecer um horário de visitas. Além do advogado André Rios, Silveira recebeu nesses dois dias os deputados estaduais Rodrigo Amorim (PSL), Charles Batista (Republicanos) e Anderson Moraes (PSL). Ainda, a deputada federal Major Fabiana (PSL).

Na manhã de quinta-feira (18), após as visitas, a PF efetuou uma vistoria padrão e achou dois celulares na sala onde Silveira estava preso. Um inquérito foi instaurado para apurar o responsável pela entrega dos aparelhos.

Procurado pela coluna, Amorim disse que foi prestar solidariedade e negou ter levado os celulares. "Ele estava tranquilo, acompanhado do advogado. Deixei meu celular do lado de fora. O deputado Daniel Silveira segue na expectativa da decisão a ser proferida pelo plenário da Câmara dos Deputados", afirmou, em nota.

"Há instrumentos legais adequados para julgar qualquer eventual excesso. Tanto pelo Judiciário quanto pelo próprio Poder Legislativo. Portanto, a prisão me pareceu desnecessária. Por outro lado, me causa espanto, mais uma vez, o duplo padrão de comportamento da esquerda, que esqueceu os ataques proferidos contra o mesmo STF em 2018 pelo então deputado Wadih Damous. Na época, o deputado teve suas prerrogativas respeitadas, corretamente", completou ele.

Já a major Fabiana e o deputado Anderson Moraes não retornaram aos contatos da coluna. A coluna não conseguiu contato com o deputado Charles Batista.

No fim da quinta-feira (18), Silveira foi transferido para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A Câmara vai decidir nesta sexta se mantém a prisão do deputado.