Em delação, Mauro Cid mudou versão sobre falsificação de vacinas
O relato do tenente-coronel Mauro Cid, em delação premiada, de que partiu de Jair Bolsonaro (PL) a ordem para confeccionar certificados falsos de vacinas da covid-19 contradiz a primeira versão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro sobre o caso.
Conforme revelou o colunista do UOL Aguirre Talento, o militar envolveu diretamente o ex-presidente na falsificação. No entanto, no dia em que foi preso pela Polícia Federal, Cid assumiu a culpa pela produção dos cartões de vacinação fraudados, segundo relataram à coluna duas pessoas que o acompanharam no dia 3 de maio.
Segundo esses interlocutores, Cid estava "branco", bastante nervoso, inquieto e andava de um lado para o outro.
Sobre Bolsonaro, Cid disse reiteradamente que "o presidente nunca pediu nada" e que "ele nem sabe disso".
Enquanto aguardava os trâmites da prisão, o militar começou a falar que tinha sido ele o responsável por pedir os cartões falsos para sua própria família e também para os assessores do então presidente Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, ambos presos no mesmo dia.
Militares e um grupo próximo a Cid se mostraram surpresos ao saber da revelação da informação da delação.
Procurada, a defesa do tenente-coronel não retornou. Desde o dia da operação, Bolsonaro nega participação no episódio.
Gabriela Cid, a esposa do militar, admitiu à PF o uso de documento falso e acusou seu marido de ser o responsável. Nos bastidores, na ocasião, comentou-se que ela tentaria um acordo de não persecução penal e, por essa razão, decidiu colaborar com as investigações. A esposa do oficial então respondeu aos questionamentos dos policiais e tudo isso foi combinado com a defesa da época.
Foi a primeira tentativa do tenente-coronel de proteger a mulher e assumir a culpa sozinho sem atingir a família.
Na ocasião, Cid estava trocando de advogados. O primeiro defensor de Cid foi Rodrigo Roca, advogado também do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na sequência, Cid foi atendido por Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore.
No entanto, a situação da família de Cid nas investigações se agravou após a operação Lucas 12:2, da PF, em agosto, quando o general Mauro Lourena Cid —pai do tenente-coronel Mauro Cid— foi flagrado na investigação sobre venda ilegal de joias presenteadas à Presidência da República. A partir disso, Cid iniciou as tratativas de uma delação premiada. Agora, o tenente-coronel é atendido pelo advogado Cezar Bittencourt.
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