Juliana Dal Piva

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Na linha Bolsonaro, Ramagem diz a aliados que não sabia de crimes na Abin

Desde a operação Última Milha da Polícia Federal, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), está informando aliados que não tinha conhecimento do uso ilegal da ferramenta First Mile e dos crimes dentro da agência que agora são apurados pelos antigos colegas de corporação.

Na história que Ramagem está repetindo nos bastidores, ele afirma que procurou fazer auditorias internas para saber o funcionamento da agência e que sua equipe teve dificuldades para obter informações de Paulo Maurício Fortunatto, ex-chefe da diretoria da Operações da Abin, afastado do cargo por decisão judicial durante a operação da PF e exonerado nesta semana.

Quem ouviu a versão de Ramagem diz acreditar que ele deve responsabilizar o ex-número três da Abin por qualquer irregularidade.

A PF investiga o uso indevido por servidores da Abin de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis, sem a devida autorização judicial, para espionar integrantes do Judiciário, jornalistas e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro entre 2019 e 2021.

Na última sexta-feira (20), foram demitidos da Abin os servidores Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki. Em maio de 2019, a Abin abriu uma sindicância para apurar a participação de Colli e Izycki, na condição de sócios em uma empresa, de um pregão no Exército —a prática é vetada a servidores da agência. Depois disso, um processo administrativo recomendou a demissão dos dois.

No entanto, em setembro de 2021, Ramagem recomendou uma série de diligências e mandou o processo reiniciar, inclusive, com uma nova comissão.

Após a interferência de Ramagem, em 2021, o processo levou mais dois anos para ser concluído. Ramagem chefiou a Abin de 2019 a março do ano passado, quando deixou o cargo para disputar a eleição para deputado federal.

A coluna apurou que a PF investiga a atuação de Ramagem nesse episódio do atraso da demissão porque existem relatos de que a direção da Abin estaria sendo chantageada pelos servidores que supostamente ameaçavam denunciar o uso ilegal da ferramenta First Mile.

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