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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Mortes por covid-19 de pessoas com menos de 49 anos crescem sem vacinação

5.abr.2021 - Enterros noturnos no Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, devido ao número elevado de mortes pela covid - VINCENT BOSSON/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
5.abr.2021 - Enterros noturnos no Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, devido ao número elevado de mortes pela covid Imagem: VINCENT BOSSON/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

15/05/2021 04h00

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A faixa etária de brasileiros que registrou o maior percentual de aumento de mortes em relação à média desde o início da pandemia foi a da população entre 40 e 49 anos. O crescimento foi de 57% no número de óbitos em abril na comparação com a média mensal registrada entre março de 2020 a março de 2021. Essa é uma faixa etária que ainda não entrou na vacinação de maneira majoritária.

Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil que atualiza em tempo real nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil do País. O portal é administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Segundo a pesquisa da Arpen, os dados indicam que os óbitos de pessoas mais jovens e que ainda não receberam imunização foram as únicas faixas etárias que registraram crescimento absoluto e percentual superior a 50% no número de mortes no mês de abril em relação à média no período da pandemia.

Foi verificado um aumento percentual de mais de 50% no número de óbitos por covid-19 de pessoas mais jovens, na faixa etária entre 30 e 59 anos e, um pouco menor, na faixa dos 60 aos 69 anos, contabilizados no mês de abril, o segundo pior desde o início da pandemia no País, conforme dados da Associação. Nos cartórios, a maior quantidade de registros de óbitos ocorreu em março deste ano.

Os dados diferem do compilado pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, do qual o UOL faz parte, pois muitas das mortes por covid-19 só têm confirmação da doença dias após o falecimento e, consequentemente, após a emissão do registro de óbito, este acompanhado pela Arpen. Nas Secretarias de Saúde, abril foi o mês com mais mortes.

Os números absolutos de falecimentos da faixa etária de 40 a 49 anos também aumentaram em abril, passando de 7047 em março para 7611 no último mês, mesmo com a diminuição no total de mortes causadas pela doença em relação a março de 2021.

Todos os estados registraram aumento de óbitos na faixa entre 40 e 49 anos na comparação com a média desta idade desde o início da pandemia e 15 deles ficaram acima da média nacional.

O que mais registrou aumento foi o Rio Grande do Norte, com 154%. Depois vem Santa Catarina, aumento de 118%, Sergipe, crescimento de 101%, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, aumento de 94%. São Paulo e Rio de Janeiro, com 66%, e Distrito Federal, com 58%, também estiveram acima da média nacional.

Na sequência, a faixa etária que vai dos 30 aos 39 anos viu o aumento do número de óbitos crescer 56% em relação à média para esta faixa etária desde o início da pandemia. O crescimento também se deu nos números absolutos em relação a março, passando de 3.353 para 3.620. Outra faixa etária que registrou crescimento foi a de pessoas entre 50 e 59 anos, com óbitos aumentando 54% em relação à média desde o começo da pandemia, e passando de 12.070 em março para 13.409 em abril.

Ainda em crescimento, mas em patamares inferiores, a população entre 60 e 69 anos registrou aumento de 22% em relação à média desta idade no período, e um aumento de falecimentos menor em relação às demais idades, passando de 18.755 em março para 19.876 em abril. Nas demais faixas etárias, já vacinadas, o número de óbitos caiu em relação à média desde o início da pandemia, reduzindo 8% na faixa entre 70 e 79 anos, 52% entre 80 e 89 anos, e 65% na população entre 90 e 99 anos.