Voto feminino parece decidido a impedir reeleição de Trump
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As taxas de mortalidade por covid-19 crescem em 29 dos 50 estados americanos. O democrata Joe Biden lidera nas pesquisas nacionais e na média dos estados decisivos para formar maioria no Colégio Eleitoral. Neste fim de julho, esses são dois grandes problemas para a campanha à reeleição do presidente Donald Trump, que assumiu tom mais realista na semana passada em relação à pandemia.
Mas o maior obstáculo à reeleição do republicano talvez seja a rejeição da maioria do eleitorado feminino.
Realizada entre 9 e 13 de julho, a pesquisa da Universidade de Quinnipiac mostra Biden com 52% contra 37% de Trump. No entanto, o democrata alcança 59% da preferência feminina. O republicano tem apenas 31%. Entre os homens, Biden e Trump estão empatados com 44% cada um.
A cruzada de Trump pela reabertura das escolas no outono parece ser um tiro no pé. Segundo o levantamento da Universidade de Quinnipiac, 69% das mulheres desaprovam a forma como Trump lida com a questão. Somente 23% apoiam a pressão do presidente para a volta às aulas. No eleitorado masculino, a conduta do republicano nesse assunto é desaprovada por 52% e aprovada por 36%.
Outra pesquisa, do jornal Washington Post e da rede de TV ABC, feita entre 12 e 15 de julho, mediu a popularidade do presidente americano. Na contabilidade geral, 57% desaprovam a forma como Trump administra o país. Ele é aprovado por 39%.
No eleitorado feminino, a desaprovação dispara, atingindo 66%. Entre os homens, esse número é 18 pontos percentuais menor: 44% desaprovam o presidente. Apenas 31% das mulheres apoiam o modo Trump de governar. Entre os homens, o republicano tem 48% de suporte.
No levantamento do Washington Post e da TV ABC, 58% das mulheres consideram Biden mais confiável para lidar com a pandemia de coronavírus. Apenas 30% delas pensam assim a respeito de Trump. Biden também está em vantagem nesse quesito no eleitorado masculino. O democrata tem 50% contra 39% do republicano.
Em 2018, o voto feminino foi decisivo para dar aos democratas maioria na Casa dos Representantes, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. Houve quebra de uma hegemonia republicana de oito anos.
Apesar de ter adotado estratégia mais moderada na semana passada, Trump continuou a derrapar em questões caras ao eleitorado feminino.
Numa entrevista, ele disse que "queria bem" a Ghislaine Maxwell, acusada de participar da rede de aliciamento sexual de menores ao lado de Jeffrey Epstein. Trump era amigo do casal Ghislaine-Epstein.
Na quinta-feira passada, a deputada AOC (Alexandria Ocasio-Cortez), democrata de Nova York, fez um discurso de grande repercussão na Casa dos Representantes ao responder a agressões verbais sexistas do colega Ted Yoho, republicano da Flórida.
Yoho se referiu a AOC com palavras de baixão calão. A misoginia do republicano levou a uma resposta contundente da jovem democrata, que afirmou que seus pais não a criaram "para aceitar abuso de homem". O episódio gerou desgaste para os republicanos.
A 99 dias das eleições de 3 de novembro, o voto feminino em 2020 parece decidido a fazer de Donald Trump um presidente de um mandato só.
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