Lula desarma cilada de Putin e barra Venezuela nos Brics
O presidente Lula desarmou uma cilada do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e barrou a Venezuela nos Brics, afirmou o colunista Kennedy Alencar no Análise da Notícia desta terça (22). A 16ª cúpula do Brics começou hoje em Kazan e vai até quinta-feira (24).
Atualmente, o grupo é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã.
A diplomacia brasileira entrou em campo, ciente dessa cilada que estava armada, começou a conversar com a diplomacia russa.
Havia essa intenção, era uma cilada para o Lula de uma construção da entrada da Venezuela como parceira nos Brics. Aí houve todo um trabalho da diplomacia brasileira e nessa conversa do Lula para dar uma desarmada nessa bomba e frear essa articulação.
Kennedy destacou os interesses da Rússia e da China para incluir a Venezuela no grupo.
A Venezuela estava tentando, com a Rússia e com a China. Porque os dois países têm muito interesse na Venezuela: a maior reserva de petróleo do mundo está na Venezuela; eles têm interesses militares, a Rússia vende armamento; a China quer ter uma maior presença na América Latina.
A Venezuela precisa desses aliados, porque há sanções americanas e está num mau momento da relação bilateral com o Brasil.
Segundo Kennedy, o presidente Lula conversou com Putin para discutir os critérios para a adesão de novos membros no bloco.
A primeira coisa que se colocou foi discutir os critérios para que novos países possam ser parceiros. Primeiro deles: mudança da governança mundial, mudar a ONU, o Conselho de Segurança da ONU, os bancos de investimento, as instituições de Bretton Woods, isso é ponto pacífico, o Sul Global quer, todo mundo quer.
Depois, projetos econômicos comuns: o Banco dos Brics, uma alternativa ao dólar como moeda internacional de comércio —tentar construir uma coisa nessa linha—, agenda do Sul Global no combate à fome e na cobrança para os países ricos pagarem uma conta maior no combate à emergência climática —já que se desenvolveram, já que poluíram mais.
Kennedy destacou que a Venezuela e a Nicarágua não atenderam os critérios exigidos para entrar no Brics e não serão aceitas como parceiras.
Entrou nessas conversas o seguinte: tem que ter boas relações com os países do bloco, sobretudo boas relações regionais. Com isso fica, por hora, inviabilizada a entrada da Venezuela e da Nicarágua.
A Venezuela está num momento de tensão com o Brasil, houve críticas do Maduro ao Lula, houve críticas do Procurador-Geral de lá com teorias conspiratórias. (...) Aceitar a Venezuela como parceira seria um reconhecimento da vitória do Maduro e o governo brasileiro não tem como fazer isso.
Na Nicarágua, o Daniel Ortega sempre teve boas relações com o PT. Nos últimos anos, diante da perseguição do Ortega à Igreja Católica, aos opositores, aquilo descambou para o que é a Venezuela: um regime militar, uma autocracia, uma ditadura. Ortega também atacou o Lula, na questão da Venezuela jogou ao lado dos Estados Unidos. Então, Venezuela e Nicarágua não devem ser aceitas como parceiras nessa reunião.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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